segunda-feira, 15 de março de 2010

PERDÃO. DÁ PARA ENCARAR?

"O perdão do Cristo ainda não consegui sentir". Com essa frase a viúva do cartunista Glauco, falecido na semana passada sintetizou a dificuldade humana de expressar uma das mais poderosas decisões que uma pessoa pode tomar: a de perdoar.

O perdão é uma abertura de grilhões, onde a alma é desafogada de suas tragédias e a vermelhidão da dor é compensada pelo alívio gracioso da intervenção sobrenatural de um Deus especialista em conceder reparação de danos que a amargura insiste em plantar no coração do homem.

Fico pensando também no jogador do Chelsea, Terry que provocou a dor no seu companheiro de profissão ao "dormir" com a sua mulher, uma modelo famosa, e fico imaginando aquele gesto de não estender a mão ao traidor como uma reação natural diante de uma ofensa inimaginável. Eu perdoaria? Por mim mesmo, não. Mas, Cristo me dá outro exemplo. Ele perdoaria.

O que sentiu Jesus ao ver Judas liderando o pelotão de soldados e guardas armados até aos dentes para capturá-lo como um criminoso de alta periculosidade? O que veio em sua mente quando ele foi beijado? O que levou o homem perfeito a perguntar ao seu algoz, o desgraçado Judas, com um "amigo, a que viestes?" segundo o evangelista Mateus? Não tenho dúvidas alguma em afirmar que Jesus não permitiu que o seu coração azedasse por conta de qualquer sentimento nocivo, ele optou pelo perdão, porque somente essa nobre decisão humana pode liberar o espírito de sofrer aquilo que eu chamaria de "morte à conta-gotas".

Isso, a falta de perdão é uma "morte à conta-gotas". O ressentimento é uma tortura a que nos submetemos quando, no calor da traição, desejamos o mal do outro a qualquer custo, sem quaisquer pensamentos refrescantes que são frutos de um tempo de espera enquanto se aguarda uma intervenção, uma voz, um sinal que seja do alto a dizer ao nosso interior: faça como eu, perdoe, para evitar o sangramento da alma!".

Jesus tem muito a nos ensinar, e tenho para mim que a viúva do Glauco, embora esteja tremendamente equivocada em sua prática de fé, o Santo Daime, consiga por graça divina alcançar o entendimento que somente a verdade do evangelho pode proporcionar ao ser humano: o perdão vem de Deus e quando ele chega fica inviável alimentar no peito outro sentimento a não ser o do alívio, resultado do "Cristo em nós, esperança da glória".

Termino com a citação de um texto da carta de Paulo aos colossenses, quando o apóstolo Paulo exalta a pessoa de Cristo colocando-o no lugar que Ele sempre precisa estar, no centro de toda expectativa humana de bem-viver e de segurança para a nossa alma carente de perdoar e de ser perdoada:

(Colossenses 1:20) - E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus.

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