terça-feira, 18 de março de 2008

EM CRISTO, SATISFAÇÃO PLENA!

Nesta semana quero escrever sobre a satisfação plena que podemos obter em Cristo. Esse tema me fascina já há um bom tempo. Tenho percebido, preocupado, o sucesso de livros e pensamentos que têm influenciado muitas pessoas na reflexão de um Jesus cada vez mais humano, mais próximo de nós, meros mortais, e a minha apreensão encontra-se jusficada pelo fato de eu não perceber a mesma ênfase sendo dada à sua divindade.

O mistério da "união hipostática", esse é o termo que os teólogos dão a união entre as duas pessoas de Jesus (humana e divina) em uma só vontade, tem invadido mentes e corações desde à definição destes termos nos concílios de Nicéia, no sec. IV aC. Não podemos incorrer no erro gravíssimo de subtrair da pessoa divina elementos de humanidade ou da pessoa humana vestígios de divindade, salvo no prejuizo consciente de que não estamos adorando o verdadeiro Cristo.

A.W. Pink nos desafia com algumas perguntas inquiridoras: "Temos um senso mais profundo de nossa necessidade de Cristo? Para nós, Cristo está Se tornando uma realidade viva cada vez mais replendente? Estamos encontrando um deleite em nos ocuparmos na contemplação de Suas perfeições? O próprio Cristo está Se tornando mais e mais precioso para nós, a cada dia? A nossa fé em Sua pessoa está crescendo de tal modo que confiamos nEle quanto a tudo? Estamos realmente procurando agradá-Lo, em todos os detalhes da nossa vida? Estamos anelando tão ardorosamente por Ele que ficaríamos invadidos de júbilo se soubéssemos com certeza que Ele voltaria dentro das próximas vinte e quatro horas?

Essas perguntas à guisa de aplicação me leva a pensar que, no texto de João 6.1-14 encontramos um modelo da satisfação que podemos obter de Cristo. A narrativa da multiplicação de cinco pães de cevada e dois peixinhos de um menino pobre para a provisão de cerca de vinte mil pessoas torna-se um exemplo eloquente de que Jesus não se interessa apenas em questões do nosso espírito, Ele quer suprir a integralidade de nossa vida em todas as dimensões: física, emocional, volitiva e espiritual.

J. C. Ryle já salientou que neste milagre Jesus não estava só restaurando ou modificando uma coisa como: vida depois de morrer, saúde depois de adoecer, visão depois de cegar, braço aleijado curado, audição depois de ficar surdo e etc. Aqui foi uma criação de coisa nova. Jesus criou uma coisa do nada. Jesus criou uma coisa que antes não existiu. Este é o poder de Jesus Cristo, o Filho de Deus e de Deus, o Filho.

Encontramos nessa narrativa Jesus de modo magnífico recebendo a pequena provisão de um menino empobrecido ("paidarion", termo grego para "escravo jovem) de pães de cevada (o pão barato dos pobres) e de peixinhos (no greo "opsaria" que são peixes para servirem de complemento de bolinhos de pão de cevada) e realiza o milagre: alimenta sobejamente uma população considerável. É tempo de crermos de todo o nosso coração que Jesus providencia todas as coisas necessárias para o nosso bem viver, com Ele haverá sempre motivos para celebrarmos a abundância de vida que recebemos pela fé através de nossa conversão de mente e coração.

E, se isso já não fosse o bastante, os autores dos Evangelhos tiveram o cuidado de mencionar o fato que os discípulos colheram "doze cestos" de fragmentos, a fim de ilustrar o fato de que, depois de todos saciados, havia ainda muito mais comida do que Jesus tinha, a princípio, para começar a multiplicação, enfatizando, dessa maneira, a grandeza de seu milagre.

Não há nenhuma situação que seja importante para você que primeiramente não tenha a ver com Jesus. Ele tem o maior interesse em acudir a sua vida da situação pantonosa que você se encontra. Há situações em que nos encontramos que somente alguém com poder milagroso pode vir em nosso favor. Jesus estava por ocasião da proximidade da Páscoa (como nós estamos nessa semana) interessado em dar àquele povo carente algo mais do que uma lembrança de um ritual religioso, pois ele estava interessado em gerar vida para o coração deles. A maior obra que o Senhor Jesus pretende fazer em sua vida será dentro de você, e não fora. Ele não se guia pelas vistas em seu exterior, sua performance significa bem pouco para Ele. Jesus está lhe perguntando: "você tem fome do que?"

Interessante também como que Jesus tomou a pequena provisão humana, e mediante a sua graça, tornou-a suficiente para as necessidades de um grande multidão. Esse é um ponto por demais interessante. Vez por outra ficamos acanhados diante do Senhor Jesus achando que o nosso potencial de oferta é pequeníssimo, isso sempre comparado com outros que julgamos ser ofertas mais excelentes. Mas, temos de aprender com esse menino que, mesmo levando um lanche que só era suficiente para si, resolveu dividir o que tinha, entregando nas mãos de Jesus o material para que o milagre fosse realizado. É claro que Jesus tinha poder para transformar pedras em pães, mas aprouve ao Senhor que houvesse uma oferta, uma pequena, mas significativa, oferta.

É assim que Deus gosta de trabalhar nas nossas vidas. Ele cria a necessidade para ser suprida por Jesus. Ele cria a fome para ser saciada em Jesus. Ele cria a sede para ser dessedentada por Jesus. É próprio da pessoa divina essa orquestração para sermos atraídos para Ele. Temos de nos render e ceder toda e qualquer manifestação de defesa pessoal, reconhecendo que é dEle que precisamos, que só Ele nos satisfaz plenamente, é preciso humildade para termos aquilo que John MacArthur chama de "mentalidade celestial" que é tirarmos os nossos olhos das ofertas do mundo, quando buscamos realização, colocando-os na suficiente provisão de Deus, para a nossa satisfação.

Termino esse artigo, no desafio empenhado de você parar de fugir de uma vivência mais inteira e apaixonada com o Senhor Jesus. Chega de ficar olhando para o seu passado, encarando-o como um impecilho para a sua entrega mais radical ao evangelho de Jesus. Há, como eu já descrevi aqui, um interesse amoroso e eterno de Jesus por sua vida, você só se satisfará nele, não adianta, pare de tentar se realizar fora de Cristo. Hoje, a satisfação plena (Jesus) bate à sua porta e ai, você abrirá?