sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

NÃO VOU ME DEFENDER!

Nesta semana, mais precisamente na quarta feira, meu coração inclinou-se para a tristeza. Me vi rodeado de pensamentos ruins devido às ultimas decepções, ingratidões explícitas e arbitrariedades revoltantes que me deixei levar por um pessimismo que me colocou à beira do estado depressivo. E eu sabia que estava próximo desse ponto, me curvei, orei e mesmo assim minha mente ficava focado em questões de foro intimo e algumas questões pequenas me roubavam a tranquilidade a ponto de eu perder a esperança. Comecei a trabalhar mecanicamente, como por obrigação e não como cumprimento de um chamado que um dia recebi do Senhor há 20 anos atrás!

Meu local de trabalho ficou pequeno, minha alma agigantava-se dentro de mim, meu fôlego foi encurtado e minha mente divagava em vãs preocupações informáticas, sem expressão prática para o meu cotidiano que se tornava cada vez mais amedrontador. Mais tarde identifiquei tudo isso como um ataque de Satanás em meu espírito, algo que tenho para mim foi vivido pelo apóstolo Paulo em II Corintios 12. Confesso que o meu "espinho" é a minha mente que insiste em focar naquilo que é evidente ao invés daquilo que é transcendente.

A evidência reflete as realidades presentes, temporais, as que são vivenciadas na esfera do natural. A transcedência nos empurra para cima, faz-nos reféns da vontade de Deus, sem preocupações carnais convincentes. Olha, como eu queria ser mais transcendente em minhas crises pessoais! Certo dia alguém muito querida a mim me disse: "cuidado com o seu coração!". Acatei sua fala carinhosa, mas apenas me indago se na realidade o que estou vivendo é justamente por conta disso, eu tenho cuidado demais do meu coração, está na hora de eu cuidar menos dele, entregando-o de vez ao meu Senhor Jesus, aquele diante de quem um dia prestarei contas das ovelhas que Ele tem me emprestado para cuidar (Hebreus 13.17).

Em meio aos meus pensamentos turvos desta quarta me ative lendo um livro do Rev. Hernandes Dias Lopes, "As faces da transcendência", e nele fiz questão de me ater num parágrafo que cito integralmente aqui neste artigo, isso porque já fiz a leitura também em minha mensagem de ontem na igreja, quando apliquei ao meu rebanho presente que o Senhor está clamando por intercessores angustiantes nesse tempo e espera que nós atendamos essa "santa convocação". Segue o que pensa o conferencista abençoado do Senhor, Hernandes (que esteve este ano em nossa igreja em duas mensagens inesquecíveis!):

"Quando você ora, Deus honra você. Você não precisa defender-se, você precisa orar. A oração vale mais do que mil argumentos. Não é preciso defender a sua honra, é preciso cultivar a sua intimidade com Deus. Você não precisa brigar por seus direitos, você precisa estar diante do trono. Você não precisa lutar para agradar as pessoas, você precisa agradar o coração do Pai. Quando você dá prioridade a Deus em sua vida, ele honra você diante das pessoas, defende a sua causa e o exalta até mesmo diante dos seus adversários. Quando você cuida da sua piedade, Deus cuida da sua reputação. Quando o profeta Daniel foi alvo da conspiração de seus inimigos, ele não revidou com as mesmas armas, a fim de desmascarar os seus desafetos: ele simplesmente orou, e Deus o honrou. Pedro, no Getsêmani, por desprezar o poder que vem através da oração, usou contra o soldado romano a força da carne e, com a sua espada, cortou a orelha de Malco. Muitas brigas, contendas e disputas no lar, na igreja e na sociedade acontecem porque buscamos defender a nós mesmos quando somos atingidos, em vez de orar. A oração não apenas desestabiliza e desarticula o poder do mal contra nós, mas também aciona o poder do céu em nossa defesa. Quando cuidamos das coisas de Deus, ele cuida das nossas coisas. Quando cuidamos do nosso relacionamento com Deus, ele cuida da nossa reputação."

Descobri então depois de um tempo de reflexão, e ainda na quarta feira compartilhei com a minha esposa o quanto não estava bem, até recusei um convite para um jantar (isso é para se ver que de fato, eu não estava nada bem!!!), e precisei entregar o meu coração ao Senhor num descompasso de minhas preocupações, tristezas e desapontamentos. Tive de sacrificar o meu "Isaque", abrir mão do meu controle sobre a situação, entreguei-me ao calor do Espírito Santo no reconhecimento de que, eu não tenho condições de reger a minha vida. Sou como Jacó quando saiu de sua casa após enganar seu pai e irmão, sem destino garantido, apenas sei que devo caminhar à procura de um abrigo para a minha alma, de minha "Betel", em suma, de meu encontro com o Senhor!

Me sarei, e admito que não vou me defender diante de ninguém! Vou persistir sonhando, acreditando nas promessas que me foram dadas pelo Senhor: a de que a igreja que pastoreio é dEle e não minha! E as pessoas que tenho sob meus cuidados antes de serem cuidados por mim, são cuidados por Ele, e importa que eu seja fiel a Ele, isso basta! Deus recreou o meu coração com o testemunho de algumas ovelhas especiais que tem optado pela obediência, em detrimento de outras, que mais cedo ou mais tarde aprenderão, embora às duras penas, de que "obedecer é melhor do que sacrificar" (I Samuel 15.22)

Fique com Deus!