terça-feira, 24 de junho de 2008

LULA NÃO PODE FAZER NADA POR MIM!

“Bem aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos”. (Mateus 5.6)

Logo no inicio desta semana, 23/06/2008, as mães dos três jovens entregues por militares do Exército a traficantes tiveram um encontro com o presidente Lula. E o destaque que faço é em relação à frase que uma delas, Lílian Gonzaga, usou para resumir o encontro: “Ele não pode fazer nada por mim. Só quero justiça”.

É verdade Lílian, o Lula não pode fazer nada mesmo! Sem entrar no mérito da questão da presença de tropas do Exercito para monitorar uma obra de franco caráter eleitoreiro num dos morros da cidade do Rio de Janeiro, denominado “cinturão social”, fico apegado emocionalmente a essa fala dessa mãe em agonia e tenho de confirmar, o Lula de fato, não pode fazer nada, para aplacar a sede de justiça no coração, apenas o Senhor Deus!

Há uma sede de justiça que não quer se dessedentar com discursos políticos inflamados de euforia pré-eleitoral, e com promessas de solução em curto prazo com a retirada do Exército e sua substituição por PM´s. Afinal de contas, a questão central não está em quem está no morro, não importando a marca de sua farda, e sim o homem que está dentro dela!

Há homens que, infelizmente, quando estão com uma farda (seja qualquer uma delas!) sente-se de si mesmo como um super-herói, acima do bem e do mal. Lembro-me facilmente do que havia dito Rui Barbosa: “quer conhecer o homem, dá-lhe poder”. Aqueles oficiais do exército na realidade revelaram ser homens completamente sem os limites do bom senso que se espera de quem exerce a autoridade. Mas, infelizmente não se tratou de um caso isolado, fatos assim insistem em acontecer diuturnamente em nosso pais varonil.

E a fome de justiça persiste! A pior doença não é ter fome, e sim perder a fome! Quando perdemos a fome, não se tem mais o que fazer, mas enquanto temos fome, encontramos a esperança de, há um tempo, sermos saciados. A sociedade brasileira está carente de um referencial seguro de esperança. Estamos estacionados na “idade da pedra”, onde as coisas são resolvidas na base da truculência e do “olha com quem você está falando!”.

E, sem dúvida, quem sofre mais são os mais pobres. Aqueles que como Lílian, só podem contar com Deus, e não com homem ou autoridade nenhuma, tem encontrado consolo em suas lágrimas apenas na fé!

Não sei o que o presidente falou às mães em luto, talvez uma e outra metáfora das suas, talvez tenha esboçado um pedido de desculpas (que o ministro Jobim já se encarregou de fazer à luz dos holofotes da imprensa), talvez não tenha dito nada, não sei, o que me parece é que, começamos a perceber que as Escrituras mais uma vez se cumprem e teremos de assistir de camarote o cumprimento daquele principio bíblico que está em Daniel 4.18: “... a fim de que conheçam os viventes que o Altíssimo tem domínio sobre o reino dos homens, e o dá a quem quer, e até o mais humilde dos homens constitui sobre eles”.

Esse encontro das mães sofredoras com Lula pode ser comparado ao dia em que Alexandre da Macedônia, o grande imperador da antiguidade foi visitar ao filosofo Diógenes, e ao encontrá-lo lhe teria perguntado o que mais desejava. Acontece que devido à posição em que se encontrava Alexandre, fazia-lhe sombra. Diógenes, então olhando para o sol afirmou: "Não me tires o que não me podes dar!”.

Lílian, o Lula não lhe pode fazer nada, sabe por quê? Ele não pode dar algo que não tem, da mesma forma que não lhe pode tirar algo que ele não tem condições de dar, que é a dignidade de persistir sua luta pela justiça. Não desista, mesmo sob ameaças e perseguições, nossa sociedade não se esquecerá do que aconteceu (eu espero que não...) e vamos persistir no nosso clamor a Deus para que, de uma vez por todas, em nossa nação tenhamos saciedade de justiça.

Oh! Brasil! Até quando nossas mães chorarão por filhos que já não existem mais! Chega! Queremos justiça!