sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

VISITEI O TIO ORLANDO!

Estou vindo da cidade de Carazinho onde visitei, junto com a Débora e o meu filho João Marcos duas famílias especiais para a nossa história familiar. Primeiro fomos à casa de Dona Maria, viúva há pouco tempo do Sr. Gregório, amigo de longa data da família da Débora. Alguém que viu a minha esposa criança e que chora agora de saudades de seu esposo com quem viveu 50 anos de união estável. Fomos recepcionados por lágrimas. Lágrimas de saudades. Lágrimas de dor. Lágrimas de quem ficou e viu a morte chegar e levar à pessoa amada. Lágrimas. Apenas lágrimas.

Depois fomos ao tio Orlando e sua brava esposa Luiza, e a doce Pamêla. Olha, tio Orlando está com um severo câncer, estava deitado, esperando a nossa chegada para um tempo de conversa e de oração. Ele esperava um tempo de oração a dois. Logo fui convocado para o seu quarto e conversamos. E, depois o pedido: "quero que ore por mim".

Saio de Carazinho e volto aqui para Passo Fundo pensativo a respeito da brevidade da vida. Já preguei sobre esse tema tantas vezes. Lembro-me de frases de efeito, pensamentos de autores prediletos, textos formidáveis das Sagradas Escrituras, mas fico impactado com a imagem que vi: um bravo homem lutando com uma agressiva doença!

Em minha oração com ele pontuei a fidelidade, o cuidado, a providência, o sustento que só vem de um Deus que insiste em se importar com a nossa dor. Citei de memória vários textos como aquele que diz: "aquilo que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram ao coração do homem, são o que o Senhor tem guardado para aqueles que nele esperam".

Interessante que agora vendo o texto propriamente dito de I Corintios 2.9, percebo que fiz uma junção de dois versos nessa minha citação extemporânea, mas o que fica é a convicção bíblica de algumas verdades que quero pontuar para vocês, meus leitores e leitoras de plantação, e sobretudo para o Tio Orlando a quem dedico esse humilde artigo:

(a) Os planos de Deus nem sempre são passíveis de compreensão humana.

"Coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram" tem a ver com propósitos que transcendem em muito o nível de pensamento humano. Se fosse possível enchermos nossas mentes rasas com todas as intenções de Deus à nossa respeito ficaríamos surpresos, porque como diz um outro texto bíblico: "porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor" (Isaías 55.8).

Na realidade, no drama da brevidade da vida somos e seremos sempre como crianças que só sabem engatinhar, mesmo convivendo com adultos que correm. É como uma frase atribuida a Issac Newton, "sinto-me como à beira do mar colhendo conchas enquanto tenho diante de mim, um oceano desconhecido". O que fazer diante do desconhecido? Como nos posicionarmos diante da vontade de Deus que para nós insiste em se portar escura e desconhecida? Minha sugestão: crer somente. Até hoje, Jesus persiste em dizer a nós o que disse para Jairo, aquele que estava com a sua filha enferma, "não temas, crê somente" (Marcos 5.36).

(b) O coração do homem é perigosamente enganoso, por isso, não confie nele!

Não apenas coisas que os olhos não viram e ouvidos não ouviram, mas também "nem penetraram o coração do homem". O coração não pode ser considerado um aliado em nossa caminhada de fé, pois geralmente ele não está habituado a conviver na esfera dos milagres.

O profeta Jeremias tem um texto que é clássico: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer?" (17.9). Não se pode absolutamente fazer aquilo que aponta o coração, isso porque ele sempre vai impor suas opiniões com base apenas no sentimento, nas efêmeras emoções e no frivolismo das aparências. Como escravo, ele é um ótimo serviçal, como senhor, ele é frio e calculista.

O coração tem de ser submetido ao governo do Senhor Jesus que é maior do que as impressões que sempre nos perturbam no nosso dia a dia. Na dúvida, não olhe para si mesmo, contemple sim, as promessas de Deus de que aquilo que Ele tem planejado irá superar em muito aquilo que penetra o coração humano. Um professor meu de seminário insistia que a fé não é racional, nem irracional, é sim a-racional, em outros termos, ela está bem acima daquilo que o nosso coração abarca e assimila.

Em suma, Deus tem algo precioso para o tio Orlando e para todos aqueles que Ele tem zelado com amor eterno. Na realidade, os santos eleitos de Deus são guardados e protegidos com uma providência surpreendentemente graciosa. E, cabe a cada um de nós, santos de Deus, compreendermos que as mais severas dificuldades na realidade são empurrões divinos com que ele nos leva na direção do seu colo.

Termino com uma frase memorável de C. H. Spurgeon: "Muitas pessoas devem a grandeza de suas vidas às suas tremendas dificuldades".

ESTOU LENDO "PESCADORES DE CRIANÇAS"

"Oh, mestres, vejam o que podem fazer! Em suas escolas, estão sentados nossos futuros evangelistas. Naquela classe dos menorzinhos está sentado um apóstolo para alguma terra distante. Poderá vir sob sua mão de treinamento, minha irmã, um futuro pai em Israel. Virão sob seu ensino, meu irmão, aqueles que carregarão as bandeiras do Senhor no grosso da batalha. As eras olham para vocês cada vez que sua classe se reúne. Ah, que Deus os ajude a fazer bem a sua parte! Oremos com um só coração e uma alma para que o Senhor Jesus Cristo esteja em nossas Escolas Dominicais do dia de hoje até que ele venha". (C. H. Spurgeon)

Esse livro editado pela Shedd Publicações, de autoria do celebrado C. H. Spurgeon é uma de uma pertinência assombrosa em nosso tempo. As crianças precisam de nossas melhores estruturas, e os nossos professores infantis precisam ser os melhores que dispomos em nossas igrejas.

O livro é um alerta sobre a orientação precisa do Senhor Jesus: "Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam..." (Mateus 19.14). E o autor surpreendemente apresenta uma ternura no trato com as crianças que faz com que o amante da boa pregação fique entusiasmado em ler esse livro!

Ele chama as crianças de cordeiros de Jesus e diz tacitamente em um dos primeiros capítulos: certamente, não é necessário matar a criança para fazer o santo. As crianças precisam persistir sendo crianças, com suas travessuras e aguçada curiosidade e cabe a nós, os chamados adultos, despir de nossas teses mirabolantes e partir para o relacionamento estreito e amigável com os mais pequeninos na transmissão dos valores eternos da Palavra de Deus.

Ainda estou me deliciando na leitura, não estou tendo pressa, paralelamente também aprecio algo sobre a verdade de que os filhos dos crentes são de certo modo incluidos nas promessas de Deus feitas ao seu povo. Um texto que não me sai da cabeça é o que diz que a promessa do Senhor para os seus, inclui também os seus filhos... está ai um bom tema teológico para um aprofundamento ainda maior. Comprometome a trazer esse texto e tantos outros em um estudo que farei para um seminário que faremos em nossa igreja no mês de abril sobre a autoridade espiritual dos pais em nosso tempo.

Fico por aqui. Prossigo a leitura. E indico a aquisição desse precioso livro junto à secretaria da Igreja.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

MINHA VISITA A UMA IGREJA LUTERANA!

Sempre tive vontade de visitar uma igreja de orientação luterana aqui no sul do país, mas nunca tinha tido uma oportunidade real. Nesse ano, tomamos em família a decisão de não visitar uma igreja de nossa denominação por algumas razões de ordem pessoal, e finalmente pude realizar uma vontade que já vinha me ardendo o coração já há algum tempo: visitar uma igreja luterana!

A igreja luterana aqui no Brasil é dividida em duas principais denominações: a Luterana do Brasil, mais litúrgica e com uma orientação mais claramente ecumênica, e a de Confissão Luterana, com um viés mais brasileiro e mais evangélica. Sei que simplifiquei demais as diferenciações, mas foi o que consegui pensar agora para me expressar nesse artigo.

A que visitei foi a "Igreja Evangélica de Confissão Luterana" aqui de Passo Fundo. O culto começou às 20:00 com uma palavra de introdução bem brasileira, uma ilustração vibrante e uma aplicação genérica onde, o dirigente foi feliz ao exortar a congregação (eles chamam de "comunidade") a serem homens melhores a partir da vívida consciência da morte de Jesus na cruz do Calvário. Bem cristocêntrica.

Depois, vieram os cânticos como expressões bem vivas de um povo que conhecia ao seu Deus. A equipe de cânticos, formada majoritariamente por jovens levou toda a igreja a um clima de adoração sincera, reverente, ordeira e muito espiritual! Notei que avivamento não é algo apenas que buscamos nas denominações chamadas "avivalistas" mas, sim é desejo também daqueles que são "protestantes de missão" (na realidade,como fui prudentemente lembrado por um leitor atento, trata-se de "protestantes de imigração"),isto é grupos evangélicos que tiveram suas origens no Brasil em meados do sec. XIX, provenientes da forte imigração alemã, sobretudo aqui no sul do país.

O culto foi o que eles chamam de "culto leigo", isto porque, a igreja ainda aguarda a posse de seu novo pastor agora em inicio de fevereiro. Mas, o que eu vi, recordando-me de Martinho Lutero foi a prática vivencial do "sacerdócio universal de todos os crentes". Louvores entoados por jovens e velhos, brancos e negros, pobres e ricos, e tenho para mim que as 84 pessoas presentes ao culto (isso sim, eles contam o número de participantes do culto e dizem ao final) experimentavam uma forte consciência da presença de Deus!

A mensagem foi temática e o irmão Miro, o pregador da noite, nos lembrou de que existem dois tipos de fé: natural e sobrenatural. Usou de vários textos bíblicos, sem rigor exegético mas sem descaracterização hermenêutica alguma, e exortou aos presentes a desenvolverem uma fé que supere ao simples "eu acredito", para ir ao ponto do "eu creio". Foi um tempo de reflexão simples e contundente sobre o valor de termos uma fé que seja desenvolvida no contexto de uma entrega irrestrita ao governo do Senhor na nossa história pessoal. A pergunta repetida ao longo do culto foi "o que você está fazendo aqui?" e ela foi de encontro com o meu coração em vários momentos daquele culto.

Ao final, a Ceia do Senhor, entre os luteranos ela acontece todos os domingos, e sempre com o sentido de participarem do corpo e do sangue de Jesus naquilo que os teólogos chamam de "consubstanciação", isto é o pão e o vinho naquele momento ritualístico é invadido pelo corpo e pelo sangue de Jesus. Como batista creio que o que a Bíblia nos ensina é o "fazei isso em memória de mim", logo a Ceia é uma lembrança daquilo que a cruz nos ensina em termos de sacrificio e de cura das nossas próprias miseráveis memórias de morte. Logo, pensando como memorial participei da Ceia... olha, é tudo muito simples, envolvente e comovente... vi marmajões chorando... é profundo!

O culto terminou por volta das 22:OO...e fui para casa com algumas fortes decisões a serem tomadas... uma delas tomei logo no dia seguinte... e, com a certeza de que eu vi o Senhor com os irmãos luteranos. É possível sim, crer no avivamento. É possível sim, crer que quando ele vêm, ele visita as mais diversas denominações evangélicas e, sem dúvida alguma, percebi também nesse domingo que, Deus já está fazendo algo grande em nosso Brasil.

Maranata! Ora, vem Senhor Jesus!