quarta-feira, 13 de julho de 2011

ANGRA EXPO 2011! TÔ FORA!

Passei alguns minutos dessa semana passada fazendo uma análise da programação da edição da Angra Expo 2011, que curiosamente já não se intitula mais “cristã” por uma questão mercadológica e na tentativa de chamar a cidade para uma programação que, de evangélica, no rigor da palavra não tem nada!

O evento terá mensagens de pregação ultra-pentecostais, com pastores ligados aos mais radicais movimentos pentecostais em nosso país! De verdade, não consigo indicar nenhum deles, como um sério expositor das Escrituras! Dos cantores, teremos como sempre, os mais conhecidos do momento: Kléber Lucas, Fernanda Brum, Shirley Carvalhaes, Sérgio Lopes, Bruna Karla, e outros grupos de nossa cidade! Sobre a parte musical, parece-me que não tenha nada a declarar sobre a performance dos mesmos, só salientando que uma vez indo ao evento, ouça tudo e retenha apenas o que é bom (de acordo com o Evangelho).

Fico tentando enxergar o evento como sendo um ambiente interessante para a expressão de nossa fé, mas sinceramente não consigo, e isso devido às minhas impressões que foram colhidas desde a primeira edição do evento. Mas, tenho de ser sincero em afirmar que a despeito da direção do evento, o povo de nossa cidade recebe bem esse formato de evento e aproveita para rever amigos de outras denominações e manterem nesses dias um clima forte de irmandade que reconheço fazer falta em nosso meio. Só consigo enxergar esse aspecto positivo de um programa como a “angra expo”, só lamentando que isso seja feito totalmente com o dinheiro público e com a tutela política de um grupo na cidade, que certamente saberá cobrar o devido preço por esse investimento.

Ainda me preocupa o clima de ufanismo em relação ao centenário das "Assembleias de Deus". E, neste ponto, me ponho a tecer um comentário com todo respeito às lideranças dessa centenária denominação em minha cidade. Mas, não posso me furtar em considerar que os assembleianos (e os mais sérios vão concordar comigo) não foram os pioneiros na evangelização no Brasil! Eles tem todo o direito de comemorarem bastante essa data, mas se a Expo propusesse ser uma "feira gospel", não daria um espaço considerável em sua programação para o centenário da "Assembleia de Deus", pois isso me leva a perguntar: e a celebração dos 140 anos dos Batistas, que foram inclusive a origem dos assembleíanos, uma vez que a denominação pentecostal surgiu de um racha provocado por missionários suecos na Primeira Igreja Batista do Pará em 1911? E, por que não celebrar os 156 anos da chegada do primeiro missionário para evangelizar o Brasil, Dr. Robert Kalley? Não gosto desse clima de ufanismo histórico! Afinal de contas ninguém faz história sozinho!

A direção da Expo precisa reconsiderar o formato dessa programação que, não presta contas a ninguém, é representada por uma "comissão de pastores" eleita por eles mesmos! Não quero com isso, levantar nenhum juizo de valor sobre quaisquer questões de fóro contábeis, porque estaria sendo leviano! E, respeito os meus colegas como lideres em nossa cidade, apenas venho à público, e mais uma vez solicitar algumas mudanças. Vou alencá-las: 
* A EXPO poderia ser dirigida por uma ampla comissão de pastores e líderes, eleitas em Assembleias e com todas as contas do referido evento (dentre outras) sendo prestadas com todo o rigor contábil e fiscal;

* Esse evento deveria ser ano a ano menos subsidiado pelo poder público, como era a proposta inicial, quando logo na primeira edição eu ouvi do vice prefeito na época, essa informação. Com isso, o povo evangélico ficaria menos refém da situação política e evitaria tantas suspeições;

* NÃO se justifica um evento de porte como esse terminar no domingo. Ora, o domingo é o "sábado dos cristãos",  um dia que deve ser separado para a comunhão na igreja local e descanso familiar. Lembro-me que ouvi que Robert Kalley que foi o fundador da primeira igreja evangélica no Brasil, a "Igreja Evangelica Fluminense" na cidade do Rio de Janeiro, em um domingo chegou a desconsiderar a contratação de um carroceiro para carregar o corpo de uma de suas ovelhas, fazendo com que o corpo fosse carregado nas ruas por uma equipe de crentes, por que o uso desse serviço constituiria trabalho, o que implicava em desobediência ao mandamento de guardar o dia do Senhor! Quão distante estamos desse tempo em que o "dia sacro" do domingo era preservado e considerado como especial para os cultos dos crentes em suas respectivas igrejas!

* E, por fim, sem querer ser repetitivo: por que só pastores pentecostais são convidados? Por que se despreza o contingente expressivo de pastores batistas, congregacionais e presbiterianos que também poderiam contribuir para o crescimento espiritual dos frequentadores do evento?

Fico preso a essas considerações, e tenho de terminar dizendo, que de fato, "tô fora" da Expo... e não proibo o nosso povo em participar, uma vez que não sou dono das consciências das minhas ovelhas! Mas, o que posso fazer é apelá-las no sentido de que caso optem em não ir, como eu, aproveite para ler um livro, ver um filme e participar ativamente na dinâmica de sua igreja!

É o que eu penso e digo.