quarta-feira, 3 de abril de 2013

UM BRASIL AO PÉ DA CRUZ

Henry Martin era um ministro anglicano que serviu ao Senhor como missionário na India e na Persia. Em uma de suas viagens ele passou pelas terras brasileiras, e isso em 1805, então com 24 anos, e ficou admirado ao ver a capital do Brasil à epoca, Salvador, com as suas inúmeras cruzes nos pináculos dos templos católicos à epoca. Em meio à essa consternação ele exclamou: "vejo tantas cruzes, mas quando o verdadeiro evangelho da cruz será ensinado?".

Esse suspiro de Martin ainda ecoa em meu coração: quanto teremos nesse país com tantas cruzes, a verdadeira cruz de Cristo erguida? Confesso que isso dá um nó em minha cabeça e me deixa vez por outra sem palavras. Tenho assistido a pulverização dos valores do evangelho nas mais diversas mídias e também nos contextos de nossas igrejas que estão cheias de pessoas vazias! Falta cruz, falta renúncia, falta pagar o preço do discipulado, parece-me que o que o Senhor Jesus disse está distante na vida de muitos dos que "pulam na presença do Senhor" em alguns dos cultos barulhentos de nosso Brasil:

Mateus 16:24
24 - Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me;

O que a doutrina da cruz faria em nosso contexto evangélico brasileiro: Fico a imaginar, como se estivesse sonhando:

* Os pastores seriam mais éticos ao entender que pastoream as ovelhas de Jesus e não as suas próprias, de modo que, considerariam como algo abominável se utilizar dos aparentes benefícios do ministério para se enriquecerem.

* As igrejas promoveriam mais "cultos do choro", do que "louvorzões", pois não sei se temos mais motivos de rir do que chorar, ao percebermos crentes que, se escondem em seus próprios pecados para denunciarem de modo vil os pecados dos outros.

* Os púlpitos seriam completamente mudados em suas propostas de mensagens temáticas, mercantilistas e utilitaristas, e no lugar viria apenas a exposição da Palavra de Deus.

* As reuniões de oração seriam as maiores reuniões da igreja, ao invés de serem as mais raquíticas, porque é fato que o nosso povo não gosta de orar, e quando o faz, em algumas vezes o interesse próprio é o grande mote das orações.

* Os avanços missionários seriam notados ao longe, pois os crentes sacrificariam parte de suas rendas, tempo, energias e tudo o mais para que o evangelho alcançasse os não alcançados e tocasse os que não vêm sendo tocados.

* As reuniões de liderança e de negócios eclesiásticos seriam pautados pelo amor às pessoas e não por julgamentos precipitados, linguas ferinas e suspeitas indevidas.

* Os louvores cantados nos cultos expressariam mais da grandeza de Deus do que das possibilidades humanas.

* O aconselhamento nos gabinetes pastores seriam menos influenciados pela vã psicologia e mais pelo entendimento das Escrituras Sagradas.

* Os jovens e adolescentes iriam pautar suas vidas em valores eternos e não em realidades tão transitórias como namoricos e jogos de entretenimento virtuais.

* As familias se amariam mais, e fariam questão de passar mais tempo juntas.

Enfim, são tantos sonhos, que chegam a ser devaneios mesmo, mas acredito que a mensagem da cruz mudaria todas as coisas, seria como um retorno à simplicidade do evangelho. Quando me vejo afastado desse ideal, lembro-me, e quase vou às lágrimas com uma canção do Paulo César Baruc, "Jardim da Inocência" que em um trecho chega a dizer: "Ah ! que vontade de andar contigo!
Pelo jardim, na viração dos dias. Pegar em tuas mãos e voar e  pela imensidão da terra e te adorar."

Tenho vontade de viver tudo isso com o Senhor, e simplesmente rever do seu amor o seu senso de permanência intima: viver para ele, ao pé da cruz de seu Filho!

É por ai.