sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

CARNAVAL DE ABSOLVIÇÕES

"Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que pões as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo!". (Isaías 5.20)

Ontem foi um dia de morte para a ética na justiça brasileira! Por seis votos a cinco, os ministros de nossa mais alta corte de justiça resolveram absolver um grupo de políticos ligados ao atual governo brasileiro do crime de "formação de quadrilha" Na interpretação da maioria simples dos nossos supremos juízes os que orquestraram o maior escândalo moral e ético da política em nosso país agiram sem uma combinação intelectual, foram todos co-autores sem saber do esquema em uma visão panorâmica. Difícil entender que homens e mulheres que debruçaram sobre os autos da ação penal 470 não se portassem como membros de uma corporação (para não dizer, quadrilha). 

Os juízes indicados pela presidente Dilma cumpriram o que deles a cúpula petista esperava: votaram pela absolvição, enfim, rezaram pela cartilha governista do "quanto pior, melhor". Mas o que podemos aprender desse episódio? Encorajo-me a tecer algumas considerações:

1) Penso que no Brasil crime político não é levado a sério. 

Pode-se esperar punições aos crimes de pessoas comuns, embora elas mesmas sejam abrandadas por nosso sistema sujeito às falhas processuais, mas em relação às pessoas públicas o que se vê é que dependendo da influência junto aos grupos políticos que se alternam no poder todos são inocentes até que se prove o contrário! Em nosso país o jeitinho continua sendo a melhor saída e os que tem "contatos" podem mais dos que os que só possuem seus nomes próprios.

2) Penso que no Brasil os juízes são facilmente sugestionáveis.

Isso por argumentos que não fogem às análises mais simples. Como em nosso sistema presidencialista os juízes são indicados pelo presidente, o que vemos são homens e mulheres que. quando desafiados a julgar questões que atingem seus favorecedores, todos se apequenam e votam de acordo com a consciência de outrem, nunca pelas suas, uma vez que devem favores que só Deus pode ter acesso ao conhecimento. Juízes reféns do casuísmo político-partidario!

3) Penso que no Brasil não se pode esperar por seriedade.

Infelizmente no país do Carnaval e do futebol o que menos se quer é discutir questões de ordem e ética. Quando se sai às ruas se vai com revanchismos imbuídos de egoísmo violentos, nada de reivindicações que provocarão votos mais conscientes. Ao invés de levar a serio o mandato moral do voto, são muitos que fazem nas urnas o mesmo que fazem em suas privadas particulares. Temos de repensar os nossos protestos.

Fica no meu coração uma sensação de dor e desesperança ao ver os rumos de nosso país, tenho de me amparar em duas convicções: primeiro de que sou cidadão brasileiro mas anseio uma "pátria melhor" e a outra é que, no Brasil, o crime sempre compensa.

Chateado.