terça-feira, 30 de novembro de 2010

E AGORA CABRAL?

Vimos com emoção a retomada do controle do Estado em relação às comunidades de Vila Cruzeiro e Alemão na semana passada, as notícias foram acompanhadas em tempo real, e vivemos aqui no nosso estado uma amostra do que vive nossos irmãos africanos e haitianos, resguardadas as devidas proporções.

Mas, agora com o domínio da ordem e da lei, apesar que começam a aparecer relatos de abuso de forças para com a população civil, me parece que algumas pontuações precisam ser feitas:

01. A população de bem, moradora das comunidades merecem o respeito das forças de segurança.

Os homens, mulheres e crianças que estavam sob o império do terror orquestrado por narcotraficantes não podem viver agora debaixo do jugo de policiais e soldados que utilizam-se da truculência para impor toques de recolher a uma população que já estava sitiada pelo mal! É importante estabelecer um bom senso, um tratamento humanitário em relação sobretudo às crianças traumatizadas pela invasão violenta de suas casas e circunvizinhanças. Enfim, o apelo tem de ser no sentido de que já que a segurança subiu no morro , que subam também as condições necessárias para uma vida digna de toda aquela comunidade.

02. As igrejas precisam aproveitar o tempo para pregar o evangelho puro e simples.

Sem invencionices pentecostais do que tipo: o Morro do Alemão é do Senhor Jesus! ou outras pérolas do gosto de tantos que preferem se apegar aos mantras que recolhem de textos bíblicos isolados do seu contexto, com declarações de vitória sobre o Diabo e seus anjos. Temos de lutar contra o Diabo sim! Mas, também temos de lutar contra a injustiça. Esse é o tempo de denunciarmos a quem patrocina a miséria dos mais pobres, isto é todo o sistema capitalista que vê o mais miserável sofrer sem fazer absolutamente nada para minorar o seu sofrimento. Não podemos nos esquecer de que, quem financiava o tráfico dos morros eram muitos dos jovens do asfalto, moradores em mansões de luxo, mas tristemente viciados!

Um texto pertinente para esse ponto é:


(Amós 5:12) - Porque sei que são muitas as vossas transgressões e graves os vossos pecados; afligis o justo, tomais resgate, e rejeitais os necessitados na porta.

(Amós 5:13) - Portanto, o que for prudente guardará silêncio naquele tempo, porque o tempo será mau.


03. Nessa guerra infelizmente não há mocinhos e bandidos: todos são vítimas do pecado.

O pecado não pode ser visto apenas na sua dimensão pessoal, que seria a transgressão oriunda de uma inclinação fatal que o ser humano tem em relação à desobediência aos princípios e valores divinos. Absolutamente.  O pecado também tem sua dimensão social, e um dos seus tentáculos é o que estamos vendo na cidade do Rio de Janeiro. É o pecado que tem feito com que nossos jovens, descamisados e maltrapilhos, vivam como bichos que se reúnem para celebrar de modo instintivo a fabricação e a venda de drogas que servem de destruição de outras vidas! Olha, eu fico pensando só o ser humano faz algo desse jeito a outro ser humano. Os traficantes são vendedores de morte!

E as forças de segurança também são vítimas do pecado, porque são treinadas para defender os interesses de defesa de nossa nação, mas também como contexto de atuação justamente outros seres humanos! São homens lutando com outros homens! Uma espécie de auto-destruição da dignidade humana. Quando um homem mata um outro homem que também é imagem de Deus, está se autodestruindo um pouco também! O homem que se utiliza de uma arma por mais ou menos sofisticada ele se torna um pouco animal!

Afinal de contas, Deus quando o criou o homem e a mulher considerando-os "muito bom" jamais teve em seu propósito original que fosse verdade o que um filósofo já disse: "o homem é o lobo do homem"! Em outras palavras o que temos visto nos telejornais a respeito do Rio é que na batalha contra o terror, o mal já venceu há muito tempo! Porque até para derrotar o terror é preciso espalhar mais terror!

Maranatha! Ora, vem Senhor Jesus!