quinta-feira, 17 de novembro de 2011

EU, UM SERVO?

O artista Leonardo da Vinci pintou o belo quadro da última ceia. Enquanto o pintava, procurava por pessoas que pudessem ser os modelos. Ele desejava um rosto belo e pura face para representar Jesus, e outro rosto ímpio e pecador para pintar Judas.

Afinal o artista encontrou um jovem com rosto belo e puro. Era Pietro Bandinelli, cantor de coro sacro. Passaram-se anos e o grande quadro ainda não estava terminado, pois o artista não conseguia encontrar um rosto que pudesse representar Judas.

Ele pensou: "Preciso encontrar um homem de coração mau, cuja fisionomia mostre o mal em sua vida". Um dia, nas ruas de Roma, viu um mendigo de fisionomia má e horrenda. O mendigo concordou em posar para o retrato de Judas. Logo o pintor pôde completar a face do traidor. Ao terminar o trabalho, e pagar o mendigo, o artista perguntou o seu nome. "Pietro Bandinelli", respondeu o mendigo. E acrescentou: "Eu posei também para o modelo de Jesus Cristo."

Parece-me que a cada dia o meio evangélico vem sendo acometido de uma forte tendência ao culto ao personalismo. E, com isso essa historieta contada acima passa a servir de uma séria advertência em relação ao nosso orgulho de nos sentirmos melhores do que os outros, por nós considerados menos afortunados espiritualmente. É muito comum encontrarmos discussões "para mais de metro" quando tratam-se de assuntos que deveriam ser citados sempre com muito temor no coração e paz nos lábios. Não posso me esquecer jamais do li de Francis Frangipane, quando ele disse que é necessário que tenhamos a mesma reverência quando falamos de nosso irmão da que temos em nossas orações a Deus! Isso é muito sério! Hoje podemos posar de Jesus, e amanhã podemos posar de Judas, isso pode acontecer em fração de segundos até. Hoje santos, amanhã perversos!

Essa nossa mundanidade precisa ser levada em consideração no nosso conceito de santidade. Pois Cristo é a essência de nossa vida pura diante de Deus e não os valores e exigências de nossa legalista forma de enxergar o cristianismo. Deixa eu trocar em miúdos esse pensamento: algumas pessoas são excelentes em 'performances santarrônicas" (neo-logismo), em exibições de santidade, em expressões puramente emocionais e porque não dizer carnais da fé! Não se muda nada, não se quebranta o coração, apenas exibi-se a imagem de um crente muito quebrantado e dedicado às coisas de Deus, mas depois que termina o show, e o picadeiro se transforma na própria vida, ai começa-se à desconstrução do personagem, e o palhaço exibicionista de grandes visões e revelações do Senhor fica às voltas com uma existência mecânica e apagada!

Toda essa polêmica sobre "cair no Espírito" reflete isso! Ora, do que adianta "cair no Espírito", se a Bíblia recomenda-nos a "andar no Espírito". Repare no que temos em Gálatas 5.16: "Digo, porém: andai no Espírito e jamais satisfareis à concupiscência da carne". É muito claro que Deus deseja muito mais um povo que anda com ele, e "andar" aqui implica em amoldar a vida de acordo com os padrões do Espírito Santo de Deus, do que um povo que cai em showzinhos pirotécnicos onde o ser humano age como um "bobo da corte" que recebe justamente para fazerem outros rirem. E é verdade que junto com o "cair no Espírito" vem o "riso santo" e outras chocarrices.

Mas, e a pergunta que não quer calar é: Eu, um servo? E a resposta tem de ser, inexoravelmente, "sim". Porque você nasceu para servir e não para ser servido! Suas emoções precisam estar todas elas  rendidas ao Senhor em um culto vibrante e sincero, e fuja de grupos religiosos que tentam fazer de você atrações de um culto ao orgulho e ao sectarismo. Abaixo aos que tentam domesticar as vibrações espontâneas de nosso culto ao Senhor!

Tenho dito.