quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

NOTA PÚBLICA SOBRE DEBATES ENTRE CALVINISTAS E ARMINIANOS

Diante da recorrência de discussões e ataques pessoais realizados no âmbito eclesiástico, na internet e nas redes sociais, especialmente entre calvinistas e arminianos para a defesa de posições teológicas, NÓS, abaixo subscritos, vimos a público emitir a presente nota:
Reconhecemos a importância e a historicidade do debate teológico dentro da tradição cristã como meio de defesa e salvaguarda da verdade e, consequentemente, da ortodoxia bíblica.
Apoiamos a produção e a reflexão teológica realizada no ambiente da internet, em virtude de seu caráter democrático e do livre curso de ideias, como corolário da Reforma Protestante.
Repudiamos, todavia, que para a defesa de posições teológicas haja discussões e ataques pessoais realizados em nome da fé, que promovem dissensões, inimizades e escândalo ao nome de Cristo. Rejeitamos, assim, todo e qualquer conteúdo difamatório, ofensivo e jocoso, ainda que a pretexto do humor, produzido contra irmão de vertente religiosa diversa, que atente contra sua honra e imagem.
Entendemos incompatíveis com os preceitos que devem reger a conduta dos discípulos do Mestre posturas antiéticas que estimulam a zombaria, o desrespeito e o escárnio, baseado em dolo, distorções e mentiras.
Discordamos das publicações anônimas, especialmente quando realizadas com o objetivo de provocar animosidade e discórdia entre os cristãos. Além de ser proibido constitucionalmente (Art. 5o, IV), o anonimato atenta contra os princípios bíblicos da transparência (2Co 3.18), sinceridade (Tt 2.7) e honestidade (1Tm 2.2).
Relembramos que a calúnia, a injúria e a difamação são crimes contra a honra, de acordo com o Código Penal Brasileiro, os quais não se coadunam com o caráter do verdadeiro cristão, que deve expressar o fruto do Espírito (amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança), conforme Gálatas 5.22.
Aconselhamos os cristãos piedosos a não dar audiência a páginas e grupos que promovam tais ofensas.
Defendemos e incentivamos a exposição de convicções cristãs, bem como o debate teológico na internet e nas redes sociais, de modo irênico, ou seja, de espírito pacífico (Rm 12.18), com cordialidade e respeito. A discordância e a confrontação das ideias alheias, quando for o caso, devem ser conduzidas com ética, honestidade intelectual e de maneira objetiva, sem denegrir e atacar o oponente.
Asseveramos que a produção teológica é, sobretudo, um ato de glorificação a Deus. Discussões, pois, que se desenvolvem com o único propósito de vencer desavenças intelectuais, baseadas em disputas do ego, estão longe de honrar o nome de Cristo. A determinação bíblica de “falar o que convém à sã doutrina” (Tt 2.1) exige coragem, mas também responsabilidade, para os cristãos em geral e os pastores em particular, os quais devem ser, dentre outras coisas, “irrepreensíveis, honestos, moderados, aptos a ensinar, não contenciosos…” (1 Tm 3.2,3).
Citamos, a propósito, as palavras de J.I. Packer: “Se a nossa teologia não nos reaviva a consciência nem amolece o coração, na verdade endurece a ambos; se não encoraja o compromisso da fé, reforça o desinteresse que é próprio da incredulidade; se deixa de promover a humildade, inevitavelmente nutre o orgulho. Assim, aquele que expõe teologia em público, seja formalmente, no púlpito ou pela imprensa, ou informalmente, em sua poltrona, deve pensar muito sobre o efeito que seus pensamentos terão sobre o povo de Deus e outras pessoas”.
Recomendamos, assim, a importância da constante elevação bíblica e espiritual do nível dos debates teológicos. E caso nos deparemos com um irmão em Cristo com postura inadequada e não condizente com a ética e pratica cristãs, que ele seja repreendido, mas que em tal ato não falte educação e principalmente amor.
Reconhecemos as diferenças marcantes historicamente existentes entre as tradições calvinistas e arminianas, notadamente em referência à doutrina da salvação. Todavia, tais divergências teológicas não suplantam a comunhão cristã que deve haver entre os irmãos dessas duas vertentes da cristandade. Em uníssono, à luz das Escrituras Sagradas, enfatizamos que a salvação somente se alcança em Cristo somente, mediante a graça somente, pela fé somente (Rm 3.24; Ef 2.8; Tt 2.11).
Finalizamos com a menção ao episódio em que o calvinista George Whitefield foi perguntado se esperava ver o arminiano John Wesley nos céus. Sua resposta foi: “Não. John Wesley estará tão perto do Trono da Glória, e eu tão longe, que dificilmente conseguirei dar uma olhadela nele”. Assim se tratam verdadeiros cristãos que discordam em questões de soteriologia, mas que não fazem nada por contenda ou vanglória, e consideram os outros superiores a si mesmos (Fp 2.3). E, sobretudo, estes sabem o preço custoso com que foram comprados por Cristo Jesus.
18 de janeiro de 2015.
  • Augustus Nicodemus Lopes, pastor da Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia-GO.
  • Altair Germano, pastor da Assembleia de Deus – Itália, escritor.
  • Carlos Kleber Maia, pastor da Assembleia de Deus – RN, escritor de obra arminiana.
  • César Moisés de Carvalho, pastor da Assembleia de Deus, teólogo, escritor.
  • Ciro Sanches Zibordi, pastor da Assembleia de Deus na Ilha da Conceição em Niterói – RJ, escritor e articulista.
  • Clóvis José Gonçalves, membro da igreja O Brasil para Cristo e editor do blog Cinco Solas.
  • Davi Charles Gomes, Chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie-SP.
  • Euder Faber Guedes Ferreira, pastor, presidente da VINACC (Visão Nacional para a Consciência Cristã).
  • Solano Portela Neto, presbítero da Igreja Presbiteriana do Brasil, conferencista e autor reformado.
  • Franklin Ferreira, pastor batista, diretor geral do Seminário Martin Bucer-SP.
  • Geremias do Couto, pastor da Assembleia de Deus, escritor.
  • Glauco Barreira Magalhães Filho, pastor batista – CE, professor universitário, escritor.
  • Gutierres Fernandes Siqueira, membro da Assembleia de Deus – SP, editor do blog Teologia Pentecostal.
  • Helder Cardin, pastor batista, reitor do Seminário Palavra da Vida-SP.
  • Jamierson Oliveira, pastor batista, teólogo, escritor.
  • Jonas Madureira, pastor batista, editor de Edições Vida Nova e professor do Seminário Martin Bucer.
  • José Gonçalves, pastor da Assembleia de Deus – PI, teólogo, escritor.
  • Magno Paganelli, pastor da Assembleia de Deus – SP, teólogo, escritor.
  • Marcos Antônio Moreira Guimarães, professor de teologia, obreiro da Assembleia de Deus – MT.
  • Mauro Fernando Meister, diretor do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper-SP.
  • Norma Cristina Braga Venâncio, escritora, membro da Igreja Presbiteriana do Pirangi, Natal-RN.
  • Paulo Romeiro, pastor, teólogo, escritor.
  • Renato Vargens, pastor da Igreja Cristã da Aliança de Niterói-RJ.
  • Solon Diniz Cavalcanti, pastor, teólogo, presidente do CEAB Transcultural.
  • Thiago Titillo, pastor batista, professor, escritor.
  • Tiago José dos Santos Filho, pastor batista, editor-chefe da Editora Fiel, diretor pastoral do Seminário Martin Bucer-SP.
  • Uziel Santana, presidente da Anajure (Associação Nacional de Juristas Evangélicos).
  • Valdeci do Carmo, obreiro da Assembleia de Deus, teólogo, coordenador do curso de Teologia das Faculdades Feics, Cuiabá/MT.
  • Valmir Nascimento Milomem Santos, teólogo da Assembleia de Deus, professor universitário, editor da revista Enfoque Teológico.
  • Wallace Sousa, evangelista da Assembleia de Deus, DF, escritor, pós-graduado em teologia, coordenador da União de Blogueiros Evangélicos.
  • Wellington Mariano, pastor da Assembleia de Deus, escritor e tradutor de obras arminianas.
  • Wilson Porte Junior, pastor batista e professor do Seminário Martin Bucer.
  • Zwinglio Rodrigues, pastor batista, escritor de obra arminiana.
  • Ezequias Marins, pastor batista, diretor de seminário teológico, professor de teologia sistemática.

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

INTIMIDADE COM DEUS! NOSSA BUSCA!

Salmos 42:1-2
1 - ASSIM como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
2 - A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?

Blaise Pascal tem uma frase bem conhecida: "o homem tem dentro de si um vazio que só pode ser preenchido por Deus". Na realidade, o que esse pensador tinha em mente era justamente o fato de que o homem só encontra seu significado e significância em seu relacionamento estreito com o Senhor.

Incrível é saber que o homem tem buscado em vários lugares a satisfação de seu interior, e muitos são os que se perdem tentando encontrar aquilo que um cantor popular chamou de "essa tal de felicidade", mas é sabido que há uma busca sobrenatural do homem que o homem tem de um sentido, pois essa busca não se encerra em categorias humanas. Sempre me lembro daquilo que C. S. Lewis escreveu: “Se encontro em mim mesmo um desejo que nenhuma experiência deste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é a de que fui criado para um outro mundo”.

Por isso o homem suspira por Deus... e esse suspiro é resultado justamente de uma busca frenética por uma direção que, justamente coloca o homem diante de suas próprias limitações e anseios. Quando olhamos em nossa volta, facilmente identificamos esse tempo que vivemos, que alguns chamam de "modernidade líquida", de um momento em que as pessoas estão ansiosas por algo que as complete, e isso tem sido estampado em filmes e novelas onde o "amor romântico" tem sido o ídolo que tem paralisado jovens que inocentemente são engulidos pelo deus desse século, a "satisfação pessoal".

Por isso que C. S. Lewis vai colaborar dizendo que: “Agimos como uma criança sem noção, que prefere continuar fazendo bolinhos de lama num cortiço porque não consegue imaginar o que significa a dádiva de um fim de semana na praia. Muito facilmente, nós nos contentamos com pouco”.

Fico pensando nessa frase final, "nós nos contentamos com pouco", e chego à conclusão que de fato estamos orientando nossas vidas na direção errada se não enfatizamos em nosso viver o compromisso de olharmos mais para cima e menos para baixo. Na realidade, temos hoje uma espíritualidade de baixo para cima, quando pretendemos imaginar (e alguns até mesmo se relacionam com) um Deus elaborado pela mente humana. Tenho de denunciar isso chamando esse movimento de tentativa de manipular a Deus. Deus não é sugestionável, não é influenciado pelos humores humanos. Acredito que o pesadelo dos que não creem na soberania de Deus na salvação humana seja justamente esse: deixar de crer em um deus que respeita o livre arbítrio do homem!

Por isso que "nos contentamos com pouco", porque insistimos no direito que apregoamos ter de decidir alguma coisa. Quem é você para decidir algo? Lembra do que o profeta Isaías disse:

 Isaías 45:9
9 - Ai daquele que contende com o seu Criador! o caco entre outros cacos de barro! Porventura dirá o barro ao que o formou: Que fazes? ou a tua obra: Não tens mãos?

Por isso, meu apelo final: deixe Deus ser Deus! E você? Busque ser intimo dEle, em todo o tempo, que essa seja a sua busca!