sexta-feira, 27 de março de 2009

O QUE ESTÁ HAVENDO COM OS NOSSOS CULTOS?

Tenho parado a fim de refletir sobre a qualidade dos nossos cultos ao Senhor. E tenho alternado momentos de "crise" com outros de "perplexidade". Lamento admitir que não estou vendo o assombro pela presença de Dem em nosso meio!

Aprendi com as minhas leituras em Jonathan Edwards que as experiências religiosas genuinas vem de um pasmo diante do peso da glória de Deus. Quando buscamos a Deus em adoração e recebemos vislumbres de sua glória precisamos partir para a compreensão radical que não precisamos mais de suas bençãos, mas já o temos como nosso abençoador!

Reparem que citação direta pesada de J. Edwards sobre esse ponto:

"O próprio Deus é o grande bem ao qual eles são levados à posse através da redenção. Ele é o bem maior e a soma de todo o bem que Cristo comprou. Deus é a herança dos santos. Ele é a porção da alma. Deus é a riqueza, o tesouro, o alimento, a vida, o lugar de habitação, o ornamento, o diadema, a honra e a glória perpétuas dos redimidos. Eles não têm nada no céu exceto Deus. Ele é o grande bem que os redimidos recebem na morte e através do qual eles ressuscitarão no fim do mundo. O Senhor Deus é a luz da Jerusalém Celestial. É o ‘rio puro da água da vida’ que corre e a ‘árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus’.(Ap 22.1; 2.7)."

Nos nossos cultos então precisamos espelhar essa grandeza de revelação: Deus é o nosso principal benefício! Por isso no culto o centro dessa ser a Palavra desse Deus amoroso, justo e soberano. Concordo com Mark Dever que nos nossos encontros de adoração precisamos ler Deus (Bíblia), pregar Deus (mensagem expositiva), Orar a Deus (orações individuais e comunitárias), cantar Deus (hinos e cânticos espirituais)e ver a Deus (através da Ceia e Batismo).

No culto Deus quer ser lido pela sua Palavra. A leitura da Bíblia no ambiente de culto tem de ser encarada com solenidade ímpar. Nenhuma movimentação deve acontecer, pois é o próprio Deus impetrando seu ultimato de graça e juízo. A Bíblia não é um livro de particular interpretação (II Pedro 1.20,21) e sua leitura nos expõe em nossas mais berrantes imperfeições. Em suma, a Bíblia quando é lida nos lê em primeira análise, somos desnudados, completamente expostos!

No culto Deus quer que sua Palavra seja exposto. Não há mensagem mais bíblica do que a que segue o formato "expositivo". Não considero sermões temáticos, textuais ou contemporâneos como expressões fidedignas do recado de Deus aos homens. Ancoro-me em um radicalismo particular para admitir: quando ouço uma mensagem e a mesma não expõe um texto com propriedade, julgo que não ouvi uma mensagem de Deus!

No culto Deus quer que sua Palavra seja orada. Algumas orações dos nossos crentes parecem mais um "chororô infantil" do que preces ao Deus altíssimo! Nas orações demonstramos o nível de nossa entrega ao Deus a quem servimos. Agostinho já dizia que "a oração é o encontro da sede de Deus e da sede do homem." Logo antes de você orar, precisa compreender que as orações mais sinceras são as que nascem do próprio Deus! Ore com Ele, ore por Ele, ore a Ele!

No culto Deus quer que sua Palavra seja cantada. Ah! Os cânticos precisam passar por uma profunda avaliação nesse tempo que vivemos. Chega de letras espúrias, ensimesmadas, ridiculamente anti-bíblicas! Precisamos cantar a Bíblia. Um dia ouvi que Daniel de Souza (um dos mais privilegiados compositores evangélicos no Brasil) apresentou seguidas vezes uma de suas letras para Asaph Borba (referência em cânticos bíblicos) e sempre retornava com uma opinião: "está faltando alguma coisa". Cansado de ir e vir, Daniel disse a Asaph, "poxa, desse jeito eu vou pegar o verso bíblico, colocar a música e pronto!". Asaph disse então: "isso, faça isso que ficará bom"!

No culto Deus quer que sua Palavra seja vista constantemente na prática das suas Ordenanças. Na ceia do Senhor e no Batismo aproveitamos para dramatizar o ato maior que Jesus intencionou por nós: nossa expiação. Na cruz Jesus entregou a sua vida por todos aqueles que foram dados pelo Pai visando à salvação eterna e como prova de amor, ele reiterou que deveríamos fazer isso, "em memória". Nos evangelhos encontramos bases para crermos de que todas as vezes que o povo de Deus se reunisse em volta da "mesa do Senhor" deveria haver séria reflexão acerca de si mesmo e uma festa espiritual que norteasse a vida cristã com os padrões referenciais celestes! (I Corintios 11.23-29)

Em suma, culto é coisa séria diante do Senhor, e tenho dito e repito: saiba que todo pecado em relação ao culto ao Senhor é pecado contra o próprio Deus! Faça um exame pessoal e responda: "estou prestando um culto reverente ao Deus Santo?".