sábado, 28 de agosto de 2010

ORGULHO TEOLÓGICO!

"Com os ouvidos eu ouvira falar de ti; mas agora te vêem os meus olhos." (Jó 42.5)

Quando estive no Haiti o mês passado eu soube de que existe no país vários pastores analfabetos. De inicio, ficou chocado com essa declaração e me questionei se não havia alguns líderes de igrejas que acabavam sendo influenciados pelo "vodu" (expressão baixa do espiritismo, semelhante à "macumba" aqui no Brasil). Perguntei então ao coordenador de nossa viagem missionária, o pr. Mário de Freitas se havia sincretismo no Haiti.

O pr. Mário me respondeu: "Ezequias, eu fui missionário na China, lá encontrei pastores sem instrução teológica que acabavam vez por outra trazendo elementos de suas religiões antigas para dentro do cristianismo. eu não posso lhe garantir que não exista pastores usando algo do "vodu" nos cultos aqui no Haiti. Mas, cara, os pastores sem teologia que eu conheci na China e alguns dos que estão aqui no Haiti, são santos!".

Confesso que essa expressão, "são santos", mexeu comigo! Porque um filme passou em minha mente, quando percebi que aqui no Brasil temos tanta gentímpia ensinando e aprendendo teologia em nossos seminários! Lembrei-me da reclamação sincera de crentes que tentavam levar Deus a sério cursando teologia em grandes seminários, mas tendo de conviver com professores que negam a autoria de Moisés do Pentateuco, a historicidade de Genesis 1-11, a ocorrência de milagres na Bíblia, o fenômeno da possessão demoníaca, a ressurreição literal de Jesus, antes disso a sua própria encarnação no ventre de Maria, enfim, negam tudo o que é básico na constituição da fé cristã!

Sem contar em seminaristas que, apesar de ortodoxos em suas declações de fé são pedantes, orgulhosos, amantes dos livros mas, inimigos do bom senso! O orgulho é como uma víbora que se não for morta de imediato ela aloja dentro do peito provocando os seguintes sintomas:

* Na pregação do evangelho, os seminaristas orgulhosos gostam de citar termos teológicos ininteligíveis para o público, apenas para exibirem seus conhecimentos, gostam de citar as linguas originais, fazem citações de autores não cristãos para soar uma espécie de "abertura de mente",

* No trato com os outros membros eles estão sempre desejosos de dar conselhos evasivos, isso porque se sentem no dever de dar uma palavra, uma orientação, e algumas vezes fazem isso como que para criticar o seu próprio pastor, do tipo, "eu tenho de ouvir os membros, pois o pastor anda sempre ocupado...",

* Estão sempre críticos aos projetos de seu pastor, afinal de contas, o seminarista orgulhoso se sente agora ao mesmo nível de sua liderança espiritual. Então ele se põe a questionar a estrutura dos sermões que ouve, a razoabilidade dos projetos apresentados à igreja, o modo como a liderança da igreja administra suas finanças, o discipulado dos novos crentes e a qualidade dos músicos, enfim ele critica tudo, dizendo a si mesmo, "eu faria tudo isso diferente...",

* No seminário, no trato com os professores crentes, o seminarista orgulhoso questiona a idoneidade do professor que lhe dá uma nota baixa, questiona sempre acintosamente a secretária da instituição, e não pensa duas vezes em profetizar maldições a quem for contra a um ou outro de seus pronunciamentos (isso mesmo, o orgulhoso não fala, ele se pronuncia!,

* O seminarista orgulhoso quando chega ao ministério faz da igreja o seu "cabide de emprego", e está sempre de olho na igreja maior do vizinho, nunca vai se tornar um "médico de almas", pois ele assumiu o status de "profissional da religião".

Poderia ficar citando outras expresssões e situações bastante comum ao universo dos orgulhosos envolvidos no processo de educação teológica, tanto no nível dos alunos quanto nos dos professores, mas fico por aqui com a consciência de ter acendido uma luz na mente de cada um dos meus leitores para um cuidado que precisamos fazer ao olhar para cada um de nós, a fim de percebermos aquilo que ainda estamos deixando a desejar!

Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

4 comentários:

Anônimo disse...

Pastor Ezequias,

Uma palavra que mexe com a gente!
Que Deus nos ajude, como seminaristas.
Um forte abraço,
Seu aluno,
Marcos Sampaio

Heitor Alves disse...

Olá Ezequias.

O Blog dos Eleitos indicou seu blog como um dos melhores blogs cristãos calvinistas. Abraços.

________________________
Heitor Alves
www.eleitosdedeus.org - Site de Teologia Reformada e Calvinista

Victor Lino Pinheiro disse...

Vamos defender a classe...

1 - De fato época de aprendizado teológico são dias de absorsão de conhecimento, tenho orado para que esse mal não me atinja.
Mas é um período necessário para uma devida preparação tanto ao mundo de hoje, quanto à igreja de hoje para que não acorram erros teológicos como o do sincretismo.
No entanto não é de se demonizar os de linha crítica pois se a fé de um seminarista e cristão, que vivem (n) experiências com o SENHOR, se abalar com ensinamentos marxistas, liberalista, positivista e o que seja, há de rever sua fé.
2 - olhar por esse ponto é bom pois temos uma comunidade diferente de 10 anos a trás,
em nossa região temos a FLIP, que no início não se abria para o discurso religioso em nenhuma hipótese, hoje brinca em convidar homens que levantam ideias pós modernas, e falam como se não houvesse resposta ou diálogo, esse foi Richard Dawkins, em 2010 Terry Eagleton marxista de mão cheia.
3 - Minha única pergunta, e estudo para isso, como o discursso se aplicará a prática e uma petição à Deus, aqui concordo, que não leve a arrogância para o ministério essa é terrível. Oro por uma comunidade cristã brasileira menos arrogante.

Mas retorno ao 1º ponto,
Boas palavras, me faz voltar "um degrau abaixo".

inaugurei um blog para meditações:
http://apalavrahoje.blogspot.com/

Welerson disse...

Caro irmão,
Verdadeiras suas observações as quais devem nos levar a um policiamento para não darmos lugar à soberba.
Porém, vemos que a soberba não nasce apenas em seminaristas e pastores com formação teológica, mas também naqueles que não tem formação. O problema não está em ter formação, mas no pecado que ainda atua em nós.