"Muitas vezes tenho me perguntado: 'Por que é que nós, os crentes ocidentais, não oramos mais?' e 'Por que as igrejas não dão mais atenção à oração?'. Afinal de contas, já que a oração é o ato supremo de intimidade com Deus, não deveria ser a atividade central de toda a nossa vida? Não é por falta de ensino sobre a oração. Nunca tivemos tantos livros e seminários sobre oração como hoje. A triste verdade, quer a admitamos quer não, é que não oramos porque, lá no fundo, não achamos que realmente precisamos de DEus. Não sabemos como orar porque a verdadeira oração só pode originar-se de uma vida totalmente esvaziada de autossuficiência." (K. P. Yohannan)
Esse tema me veio à mente por conta de um periódico que eu recebo com artigos edificantes para o pensamento bíblico sobre a profundidade de nossa relação com o Senhor. Tenho parado para pensar já há muito sobre a necessidade de termos crentes mais piedosos e inclinados à oração em nossas igrejas! Fico imaginando que em grandes concentrações onde há presença de artistas de nome sempre se vê um contingente de "adoradores" (se de Deus ou do artista, isso é foro intimo de cada um!), agora em reuniões de vigílias e orações sempre temos 10% da frequência da igreja, e esse número tem de ser comemorado! Falta interesse do nosso povo em orar. Sobra interesse em incensar os artistas gospéis de plantão! Que lástima!
São esses crentes reféns das músicas triunfalistas, que ousam decretar a hora do milagre acontecer, que quando se vêem sozinhos e tendo de lidar com a própria humanidade acabam sucumbindo à depressão espiritual. Martin Lloyd Jones fala sobre a depressão espiritual, e só para começar ele diz algo contundente: "de certa forma, um cristão deprimido é uma contradição de termos, e é uma péssima recomendação do evangelho."
Mas, eu quero insistir que há crentes que se deprimem por que não seguem um evangelho puramente cristocêntrico, mas são escravos de sua própria performance, de sua fé decretada, de promessas reinvidicadas ao som de um shofar ou em orações concordantes com algum pregador histrionicamente pentecostal! Não me refiro aos verdadeiros pentecostais, é claro, os que amam ao mesmo Senhor que nós e que são fervorosos em uma fé poderosa, estou citando os vassalos de uma vivência meramente estética, que representam papel de "He-mans" espirituais! E, que ousam vez por outra, se possível fosse, cantar o hino "grandioso és tu!" olhando para o espelho!
Ai, quem acredita que é só orar que tudo melhora, acaba se deprimindo, adoencendo a alma, pois nem sempre o milagre vem, a unção prevalece e as promessas são para o "aqui e agora!". Vez por outra temos de esperar, e temos de clamar pela misericórdia do Senhor. Por isso, cabe aqui um valiosíssimo hino da "Harpa Cristã" como referência final de meu artigo que denuncia a proclamação de uma fé tipo "shazan" e um Jesus que se parece como um mero "resolvedor de problemas" ou mal comparando um "auxiliar de serviços gerais" da humanidade. Reflita no hino verdadeiramente pentecostal e não idiotizado como alguns dos cantores atuais, influenciados pelo "evangelho da prosperidade":
Se tu, minh'alma a Deus suplica
E não recebes, confiando fica
Em Suas promessas que são mui ricas
E infalíveis pra te valer
Porque te abates, oh, minha alma?
E te comoves, perdendo a calma
Não tenhas medo, em Deus espera
Porque bem cedo, Jesus virá
Ele intercede por ti, minha'lma
Espera nEle com fé e calma
Jesus de todos seus males salva
E te abençoa dos altos céus
Terás em breve as dores findas
No dia alegre da Sua vinda
Se Cristo tarda, espera ainda
Mais um pouquinho e O verás.
Por fim, prefiro essa fé cega na provisão de Deus do que a reinvidicação de bençãos com olhos voltados apenas para a prosperidade material enquanto a alma abriga uma depressão sem tamanho!
É o que eu creio.
Um comentário:
Vejamos algumas definições de oração: é a prática religiosa comum a diversas confissões religiosas. É um ato de reconhecimento e louvor diante de um ser transcendente.
Há também diversos tipos de oração: adoração, louvor, pedido dirigido a Deus, súplica, agradecimento, expiação, presença, unificação, elevação do coração, da alma a Deus.
O problema (é o que penso...) é que o único tipo de oração que (infelizmente) aprendemos através da nova onda de que Deus é um "self Service"...a doutrina da prosperidade...
Ficamos vislumbrados pelo que Deus pode fazer e muito pouco pelo o que Ele é!
Esta é o melhor explicação do porquê da igreja não avançar. Pois enquanto nos comportarmos como "carentes" das benção de Deus, nunca conseguiremos fazê-lo conhecido em nosso bairro, nossa cidade e nos confins da terra.
Precisamos nos despertar como a igreja que foi eleita pelo próprio Jesus a continuar a fazer a sua obra.
Mauro Andrade
Postar um comentário