segunda-feira, 18 de agosto de 2008

MEU PROTESTO SILENCIOSO NA ANGRA EXPO!

“Ai dos que ao mal chamam bem, e ao bem mal; que põem as trevas por luz, e a luz por trevas, e o amargo por doce, e o doce por amargo”. (Isaias 5.20)

Na primeira edição da Angra Expo Cristã, isso em 2006 eu participei com um stand pela “Missão Angrense Reformada”, conseguido à custa de muita negociação e pedido por reconhecimento de nossos méritos como instituição balizadora do pensamento evangélico reformado com propostas de oferecimento ao público de nossa cidade acesso a material de primeiríssima qualidade. Não participei dos shows, não ouvi mensagens, apenas fui barrado e empurrado por seguranças brutamontes que queriam abrir cortejo para a passagem de uma cantora gospel de calibre “pop star”.

Na segunda edição, fiquei em casa, assustado com o fato de que o evento deixara de ser liderada pelo Conselho de Pastores de nossa cidade, proposta essa que eu desbravei desde o inicio, pois eu julgo que evento evangélico dessa magnitude tem de ter a liderança do Conselho de Pastores que eu ajudei a fundar aqui em Angra dos Reis por representar a gama de lideres evangélicos de nossa cidade com o cacife de credibilidade e visibilidade que julgava à época seria e de moral ilibada.

Fui surpreendido pelo fato de que uma ONG apareceu como que “do nada” apareceu e capitaneou recursos financeiros com somas astronômicas e montou uma das estruturas mais esplendorosas da Festa sem qualquer necessidade de, a priori, prestar contas a ninguém. Falei e me cansei de falar em termos de prestação de contas e transparências nas operações estruturais do evento. Resultado: fui alijado de todo processo decisório dentro e fora do Conselho de Pastores. A verdade é que, se não fui convidado a me retirar, ao menos não fui mais considerado pessoa bem-vinda no Conselho ou em qualquer grupo de pastores que falavam em termos de “Expo”. Isso porque eu sempre cobrei uma coisa apenas: transparência na participação de todos os pastores que eram representativos de nossa classe na promoção do Evento. Mas sempre eu era ignorado pelo tal, Conselho de Planejamento da Festa.


Na terceira edição, agora que terminou ontem, também fiz o meu protesto silencioso. O pessoal aqui da IBACEN, igreja que pastoreio, não foi de modo algum coagido a não participar, apenas eu disse que não iria porque não acredito no sistema que rege a Expo. Vou salientar aqui, mas uma vez, algumas razões que me deixam entristecido com a realização desse evento de claras intenções político-partidárias. E devo adiantar que esse artigo será posto em meu blog, no da Missão Angrense Reformada, mandarei para o e-mail da “Angra Expo” e para quem quiser tornar conhecido fique à vontade para publicar, desde que, respeitando o teor de minhas palavras que, em nenhum momento citarão nomes ou situações específicas, mas que procurará de modo contundente explicar por que eu penso que “Angra Expo” é um evento autofágico:

(a) Não há de modo claro a indicação de quem está por detrás da organização da “Angra Expo” de 2008: seria o Conselho de Pastores, a ONG que organizou o ano passado, um grupo de pastores amigos, a Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, enfim, se eu não sei quem organiza logo não vejo prudente à minha participação: eu temo de estar dando legitimidade a alguém no escuro, sem saber suas reais intenções.

(b) Não houve por parte das outras direções da Expo uma “prestação de contas” reunindo grande parte representativa dos pastores de nossa cidade. Estranho isso. Não estou afirmando que há desvios de verba, ou isso ou aquilo, apenas eu gostaria de ter sido convocado para ouvir, ver e analisar números. Como pastor nessa cidade eu gostaria de ser levado mais a sério, bem como os meus outros colegas, que vez por outra por serem de igrejas tidas pequenas são menosprezados e ignorados nas decisões que envolvem o nome da liderança evangélica dessa cidade!

(c) Sou contra a intromissão da Prefeitura em todos os detalhes da Festa. Em ano eleitoral tudo isso fica muito bem demarcado, há uma postura de se tirar proveito do ajuntamento do povo para uma sinalização política viciosa e claramente autoritária por parte das candidaturas oficiais, tanto majoritárias quanto proporcionais.

(d) Não consigo entender porque os nomes de pregadores e cantores sempre contemplam apenas o espectro pentecostal e neo-pentecostal! Não tenho absolutamente nada em relação a esses grupos que contribuem (alguns mais, outros menos) para a evangelização de nossa nação. Mas, tem de haver um critério mais amplo, temos de abrir o leque, é natural que há valores também expressivos nas fileiras tradicionais do protestantismo brasileiro.

(e) Um evento dessa magnitude, que atrai tantos crentes de nossas igrejas não poderia em hipótese alguma terminar domingo à noite. Isso fragiliza as reuniões das igrejas, divide o povo de suas dinâmicas particulares, é um tiro no bom-senso!

Essas são algumas poucas pontuadas linhas, eu espero apenas fazer-me ouvido. E aproveito para lançar o desafio de reunirmos uma base maior de representativa de pastores de nossa cidade que, desgostosos com o “andar da carruagem” querem uma proposta melhor de reunião, de compartilhamento e de amizade entre os pastores visando um respeito maior e a decretação de um “Basta” de política partidária entre os pastores de nossa cidade! Política é elemento divisório entre o povo de Deus!

Igreja é Igreja! Prefeitura é Prefeitura! Pastor é Pastor! Candidato Político é Candidato Político!

Por uma definição maior dos termos!

Ezequias Amancio Marins
(Pastor Igreja Batista Central em Japuiba, Presidente da Missão Angrense Reformada, Diretor Geral do Seminário Teológico Interdenominacional em Angra dos Reis).

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