sexta-feira, 14 de março de 2008

ALARME GERAL!

Carta aberta a quem interessar possa, do poder público e população em geral

A população angrense encontra-se alarmada e indignada pelo surto da dengue em nossa cidade. A impressão que temos é que não houve por parte do poder público um cuidado em prever essa situação mediante os indíces sanitaristas, e o resultado é o que estamos assistindo, não de camarote, mas de cama mesmo (porque é dificil encontrar uma família em que ao menos um de seus membros já foi vitimado pela doença famigerada).

Lembro-me de Nabucodonozor: um rei prepotente que acreditava que o mundo girava em torno de si mesmo. Depois de sucessivas batalhas bem sucedidas, ele que era um guerreiro formidável e vencedor assume sozinho o trono de seu pai, e se vê com aquela sindrome que Ulisses Guimarães chamava de "a solidão do poder". Encastelado primeiro dentro de si mesmo e depois pelas muralhas inexpugnáveis de sua Babilônia, antes de dormir uma certa noite ele para e pensa sobre o seu futuro, como que dizendo "e agora, quem poderá me derrotar? Sou invencível!".

Nesse interim, conforme a narrativa de Daniel 2, ele sonha: é comum os poderosos terem sonhos assim, o sonho acaba sendo uma compensação pelas deficiências das suas personalidades, ao mesmo tempo, serviam como alerta dos perigos da situação atual. No fundo, Nabucodonozor temia ter ido além do que podia, logo estando próximo à sua queda. A pedra que cresceu para encher a terra seria um reino rival que suplantaria o seu.

Esse sonho perturbou o poderoso monarca. Interessante é que mesmo aquele homem cujas fronteiras de seu reino estavam tão fortemente protegidas, seus prédios e palácios embelezando e atraindo uma multidão de peregrinos, sua corte com o melhor em termos de cultura e saber, enfim, embora tudo estivesse tão em ordem por fora, o rei agonizava com um desespero dentro de si: era o sonho que o perturbava, era como se Deus tivesse plantado um ferro em brasa nas profundezas de sua mente!

É muito importante que os nossos governantes (e eu me refiro a todos os niveis: municipal, estadual e federal) reconheçam suas debilidades naturais e parem de ostentar tanta prepotência! O drama da população que sofre pelo descaso da saúde pública é simbolo de um total desrespeito ao que é mais digno em toda a espécie humana: o direito de gozar de um bem estar consigo mesmo e com as pessoas do círculo social.

A idéia de Nabucodonozor chamando os seus "sábios" para adivinharem o sonho e a sua interpretação me parece ser a um homem orgulhoso acuado e desconfiado de tudo e de todos. É bem próximo de políticos que por temerem traição em suas bases logo lançam improbérios e acusações contra os jornais e demais meios de comunicação. Eles querem que se fale bem, mesmo quando só há motivos para se falar mal. Impressionante.

O paralelo me parece ser bem legítimo. Não sei se o prefeito e o governador já tiveram dengue. Tenho dúvidas se o secretário tanto municipal quanto o estadual de saúde também já foram picados pelo Aedes Aegypit, mas eles também tem sangue humano, podem ser perfeitamente a próxima vítima, para tanto basta eles durante o dia (soube que o mosquito só pica de dia) ousarem visitar os lugares que tem sido denunciados como focos do mosquito e, com a orientação da população, visitarem terrenos baldios, obras que ainda não foram terminadas, pronto socorros lotados, enfim... basta os mesmos tomarem algo que eu chamaria de "chá de povo"!

É estranho, mas não li nenhuma nota nos jornais, blogs enfim, auto falantes, que pudessem tranquilizar a população, assumindo o controle da situação. É muita prepotência! Ainda bem que nós, os crentes em Cristo Jesus temos uma segurança: Deus está no controle de tudo. Não vivemos em um caos. Gosto muito daquilo que A. W. Pink diz: "Não haverá verdadeiro descanso para o seu pobre coração enquanto você não aprender a perceber a mão de Deus em tudo".

É isso que nos tranquila que nos estimula a sermos humildes como Daniel que, diante dessa crise toda, encontrou tempo para tomar três atitudes: ele vai ao rei e pede um tempo para buscar de Deus o sonho e sua interpretação, chega em casa e chama os seus amigos para uma "jornada de oração", e por fim, vai a Deus e pede por misericórdia.

A proposta desse artigo é provocar essa tripla ação por parte de nosso povo: primeiro, vamos protestar junto aos organismos municipais, depois vamos nos reunir como povo de Deus para orarmos pedindo misericórdia para a nossa gente que sofre da dengue, lotando os prontos socorros, vivendo um clima de "pandemia" e por fim, cremos que o Senhor nos alcançará com graça, e saibam governantes costumo dizer que quem já teve dengue (eu tive) nunca se esquece.

O mesmo posso dizer em relação ao nosso voto em outubro: saberemos lembrar daquilo que foi feito e do que não foi feito em relação à saúde pública de nossa cidade, e na hora de teclar os números saberemos em quem não votar, e isso já será um bom começo!

Um abraço cordial, mas seriamente preocupado com a sorte de nosso povo refém de um governo tão prepotente!

Ezequias Amancio Marins

(Pastor titular da Igreja Batista Central em Japuiba, Diretor Geral do Seminário Teológico Interdenominacional em Angra dos Reis e Presidente da Missão Angrense Reformada)

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