Li semana passada um trecho de uma entrevista do David Botelho (www.davidbotelho.com.br) e vi uma demonstração lógica do investimento em média do crente evangélico brasileiro, e acabei citando num culto nosso de quinta, mas ainda não consegui ser exato nas proporções dos números, por isso quero colocar agora de forma exata: se o investimento de cada crente no Brasil para missões fosse de R$ 10,00 mensais, nós aumentaríamos o nosso potencial missionário cem vezes mais! “Isso porque o investimento em média do crente brasileiro para missões é de R$1,30 por ano”!
O melhor investimento que um crente pode fazer ao final de um mês é na causa missionária! Eu tenho já há algum tempo seguido a orientação de John Piper num de seus livros: “... Seja radical com a sua igreja. Não deixe que as pessoas se estabeleçam e se sintam confortáveis pela situação econômica tranquila. Convoque-as para o estilo de vida dos tempos de guerra e para a orientação das missões mundiais. Diga-lhes que podem escolher entre três opções. Podem ser os que vão, os que enviam ou os que desobedecem. Mas ignorar a causa não é uma opção cristã”.
Considero de urgente interesse da igreja evangélica brasileira um despertamento em relação ao seu potencial, e o que estamos perdendo justamente por não nos posicionarmos à altura de nossa grandeza. Pense comigo: O Brasil é um celeiro missionário, somos a terceira maior igreja do mundo e somos pigmeus em relação às nossas contribuições para o alargamento de nossas fronteiras! E a razão desse visão míope em relação às missões é justamente o grau de limitação que existe nos nossos líderes eclesiásticos. Eu tenho de denunciar de que são muitos os pastores que ainda precisam viver uma "imersão" em um campo missionário, pelo menos uma vida em sua vida!
Trabalho com motivação missionária há anos, à frente de projetos missionários no Haiti, apoiando a "Missão de Apoio à Igreja Sofredora" (www.maisnomundo.org) e já tive surpresas agradáveis no contato com os colegas no apelo para que eles abrissem espaço em suas agendas para ouvirem sobre os desafios de países pobres como o Haiti, Sudão, Borundi, dentre outros, e obtive respostas interessadas, mas é verdade que já tive o "silêncio intimidador" como resposta de outros, que pura e simplesmente não admitem investir tão longe, tendo tantas necessidades por aqui perto.
Missões não é de fato a razão central da igreja existir. Concordo com John Piper que a igreja existe para adorar ao Senhor, mas no bojo desse conceito está a ideia de que temos de proclamar o nome do Senhor entre as nações, a fim de cumprirmos a convocação que nos é feita (e repetida em outras porções bíblicas) no Salmo 105.1: "Rendei graças ao Senhor, invocai o seu nome, fazei conhecidos, entre os povos, os seus feitos". É sabido que a igreja precisa fazer missões justamente para que a glória do Senhor alcance todas as nações da terra, e essa deve ser a motivação central e não a nossa "compaixão em relação ao pecador".
Fico pensando em desafios que poderia propor aos meus leitores desse despretencioso blog e me vêm a mente as seguintes linhas de ação para aumentarmos a visão missionária de nossas igrejas, a começar pelos seus pastores:
(a) Deve-se pregar mais sobre missões nos cultos. Ouço um silêncio em muitas igrejas no que diz respeito a se ter boas mensagens missionárias. Repito, "boas mensagens"! As mensagens devem ser bíblicas, cristocêntricas, simples e de aplicações diretas para o engajamento dos crentes na obra missionária através dos já conhecidos três pilares: oração, contribuição e envio. Não se deve perder tempo com historinhas ou experiências pessoais de evangelismos bem sucedidos. Tem de se levar ao povo estatísticas sérias (e deve-se tomar o cuidado para ser o mais preciso possível) e todos os argumentos precisam estar solidificados no texto bíblico escolhido para a Exposição.
(b) Deve-se realizar campanhas de arrecadação de fundos para missões. Cada denominação tem os seus meses e alvos missionários (não estou falando de "igrejas-biroscas" que são criadas por divisão e por isso tem ojeriza a toda e qualquer orientação denominacional). E o ideal é que essas Campanhas sejam conduzidas com uma "visão de fé" desafiadora a respeito de alvos financeiros. Eu sempre parto do principio que o nosso povo tem dinheiro, o que lhe falta é objetividade no investimento. Gastamos muito "naquilo que não é pão" e por isso vemos vez por outra missionários tendo de voltar do campo justamente por ter acabado o seu sustento! Coisa triste!
(c) A igreja precisa entender que missões não é só fora de suas fronteiras. A igreja precisa fazer missões em sua comunidade também. Phillip Yansey comenta em um de seus livros que uma das razões de sua decepção com a igreja em sua juventude, foi que sua igreja majoritariamente branca enviava ofertas missionárias para os que estavam trabalhando na Africa, mas não permitia que os negros do próprio bairro viessem cultuar com eles! É uma situação que, infelizmente foi bastante recorrente em um período da história dos Estados Unidos e que serve de ilustração negativa do que pode vir a acontecer em nosso contexto no sentido de chorarmos em relação aos pecadores do outro lado do mundo e não derramarmos uma lágrima sequer pelos nossos próprios vizinhos! Só iremos levar à nossa luz bem forte longe, se ela brilhar ainda mais forte aqui perto de nós!
(d) Por fim, os pastores precisavam passar pelo menos 15 dias em um campo missionário. Qualquer um, quer seja em nosso país ou fora! Há pastores que não valorizam os missionários e é verdade que há missionários que não valorizam pastores! Essa "guerrinha" precisa acabar e uma solução que venho propor é de que todo pastor coloque em sua agenda (e leve a igreja a considerar o investimento nesse sentido) deveria passar no ano pelo menos duas semanas dando alguma contribuição em algum projeto missionário: quer seja no evangelismo pessoal, treinamento teológico, cuidado com a vida do missionário, aconselhamento pastoral, construção de novos templos, visitas em orfanatos e asilos, enfim, iniciativas para sensibilizar o pastor, que vez por outra fica muito confortável em sua estrutura eclesiástica e precisa sentir mais o "cheiro do povo".
São apenas alguns apelos, entendo que eles não são absolutos, mas vão na direção de fazer com que invistamos mais do que recursos financeiros na obra missionária, mas sim que estejamos entregamos nossas próprias vidas a essa causa tão gratificante em termos espirituais.
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