sábado, 23 de abril de 2011

MINHAS DEFINIÇÕES...

"Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros". (I Corintios 11.33)

Essa semana em meio ao clima de profundas inquietações no preparo de uma mensagem que ministrei a igreja no meio de semana, me pus a fazer alguns questionamentos de situações corriqueiras que vivo no ministério, mas que são absolutamente constrangedoras e que exigem de mim uma tomada de posição radical. Refiro-me neste artigo à séria questão do papel do pastor em cerimônias de casamento e de "aniversários de quinze anos".

Tenho para mim que em muitos desses encontros festivos, a figura do pastor é mais de um "apresentador de programa", que tem em si a vantagem de não cobrar pelo seu trabalho, pois tudo está embutido na sua "renda eclesiástica", valor que ele já recebe mensalmente por sua igreja. Ai, aproveitando essa deixa, as pessoas (crentes ou não) acabam se aproveitando para ter o pastor como um mero mestre cerimonial de suas festas que estão se tornando cada vez mais anti-cristãs, secularizadas, mundanizadas e por que não dizer, carnais! Não são todas, obviamente, mas tenho chegado à triste conclusão de que já não se respeita mais a figura do "pastor" em nossas igrejas. Ele é visto mais como um adendo do que um homem que tem suas convicções, seus compromissos agendados à preço de suor e sangue e que, se constrange ao ter de participar de encontros onde músicas seculares são tocadas, piadas inconsequentes são compartilhadas em sua volta, mulheres se dispõem no recinto com roupas cada vez mais diminutas, e enfim, o clima fica pronto para qualquer outra coisa, menos um culto ao Senhor.

E ai, para não chamar a atenção dos convidados que, na maioria das vezes não estão também à vontade no recinto, porque em sua maioria prefeririam que o clima de festa não fosse contaminado por um momento litúrgico, onde a Bíblia é lida e orações são feitas, sou inclinado a fazer a minha parte corriqueiramente curta e depois, abro espaço para as danças, testemunhos falsos, brincadeiras de baixo calão, enfim, à festa propriamente dita e aguardada! O que acontece depois é que eu me reservo à minha própria insignificância pastoral, me assento, como alguns salgados com minha Coca... depois volto para casa, pior do que eu cheguei naquele lugar!

Por isso, eu já disse na igreja e digo aqui: BASTA!

Não faço mais casamentos e aniversários, sem ter conhecimento pormenorizado do programa, disposição das mesas, escolha de repertório, e também sem ter a presença de pessoas da igreja para compor minha equipe de celebrações... enfim, não preciso mais me sujeitar à outros cerimoniais se não aquele que julgo estar de acordo com o propósito de um culto ao Senhor! Não dá para ter a minha imagem associada a bagunças generalizadas e a encontros puramente sociais e de entretenimento no pior sentido da palavra. Como homem de Deus, eu posso perfeitamente me colocar no lugar que julgo fui chamado pelo Senhor: ser alguém que expõe a Palavra de Deus para o convencimento do pecador, e para que haja deleite na presença de Deus. Fora disso, posso dizer novamente: "estou fora!".

Recentemente li um livro de Joel R. Beeke, "vivendo para a glória de Deus", da Editora Fiel e me deparei com artigos fortíssimos sobre as raizes do culto puritano, a centralidade da pregação expositiva no contexto do culto, e a imagem que os nossos irmãos calvinistas sempre tiveram do pastor como um "médico de almas", e me pus a pensar o quão distante nossas igrejas (incluo a minha em primeiro plano) desse nível de respeito e consideração pelo seu obreiro. Os pastores em nosso dia são taxados como oportunistas, interesseiros, politiqueiros, e outros adjetivos desprezíveis mais.... embora eu creia que alguns obreiros são responsáveis por toda essa adjetivação equivocada do que vem a ser o pastor, não vem ao caso essa consideração, porque eu posso dizer sem medo de errar que os falsos pastores são excessão e não são regra! Tem muita gente séria no meio evangélica, pastores que simplesmente se vêem forçados a manter as aparências diante de algumas cerimônias onde o papel deles é apenas servirem de "bobos da corte", porque tem medo de ofender ovelhas ou de ser taxado como "ultrapassado".

Agora, eu não estou temendo qualquer tipo de represália. Vou analisar com carinho puritano o que eu tiver de fazer em termos de casamentos e outras festas... e para alguns eu direi "não'. Não participarei mais de nada que ofenda minha consciência cristã e meu chamado para ser pastor e não palhaço!

8 comentários:

renato vargens disse...

Ezequias,

Concordo com vc em gênero, número e grau. Tenho sofrido diante do secularismo, mundanismo e carnalidade que infelizmente estão varrendo nossas igrejas. Parabéns pela reflexão! Vou recomendá-la aos meus amigos e leitores,

Renato Vargens

Marcos Sampaio disse...

Pastor Ezequias,

Cada vez mais o sr. tem minha admiração pela firmeza bíblica e teológica e, sobretudo, pela ousadia em viver e externar a verdade e convicções cristãs.

Penso que infelizmente pela secularização nos púlpitos de algumas igrejas evangélicas brasileiras, o povo tem perdido a visão do pastor como sendo esse "médico das almas".

Publiquei hoje pela manhã um artigo se referindo ao massacre que muitos pastores tem sofrido nesse sentido de ser um mero profissinal do púlpito. Rogo ao Senhor que nos livre dessa idéia e que sejamos homens de Deus a serviço tão somente do nosso Capitão Cristo Jesus!

Sugestão de leitura:

1- "O secularismo no púlpito das igrejas" http://www.marcossampaio.com/2011/02/o-secularismo-no-pulpito-das-igrejas.html

Um forte abraço,
Marcos Sampaio

Diné René Lóta disse...

Ezequias, meu caro, compreendo perfeitamente a sua dor. Tenho enfrentado também este desafio há muitos anos. Resolvi seguir um caminho um pouco diferente do seu. Só um pouco. Não abro mão da necessidade de conhecer e até influenciar a organização do programa. Mas entendi que Jesus era um sujeito festeiro. Ele vibrava com o povo nas suas celebrações. Ele andou com gente de vida moral duvidosa, mas fez isso para se identificar com os pecadores. Os líderes religiosos do judaísmo estavam e permaneceram no templo. Vá, meu caro, aos lugares onde o povo está. Seja diferente, mas identifique-se. Curta as suas festas no que elas têm de melhor. Nossos costumes e nossa cultura só mudarão quando Cristo for refletido neles. Eu e você somos chamados para refletirmos Jesus no meio do povo.
Abração.

Anônimo disse...

Graça e paz; parabêns pela decisão tomada. Necessário seria se todos tivessem a mesma coragem; ve-se cerimônias e até mesmo cultos ditos evangélicos que deixam na poeira alguns eventos do mundo. Não temas, continue por este caminho, que o Espírito Santo de Deus continue a te orientar e proteger. Grande abraço.

Arno R. Paz
Tres Cachoeiras - RS

Agnaldo Aguiar disse...

Eu não sei se Jesus era tão festeiro assim como disse o pr Lóta. Mas eu fico imaginando se ele tivesse exigido organizar o casamento em Caná: seria divinamente perfeito, o seu staff cuidaria de tudo, não faltaria vinho, logo não haveria necessidade do milagre. Seria então uma festa sem graça. Sem GRAÇA. Querido pastor, não tenho conhecimento do que o levou a bater tão forte no teclado do seu computador, mas creio que nossas definições, quando escritas no calor de nossas indignações, devem ser apenas rascunhadas. Um abração com o carinho e respeito de sempre.

Simone Moura disse...

Querido pastor,

Como ovelha, fico feliz e tranquila por fazer parte do rebanho ao qual Deus lhe confiou. É confortante reconhecer a voz do Bom Pastor Jesus falando através da sua pessoa. Obrigada por mostrar-me o caminho da graça através dos excelentes ensinos que muito me edificam. Suas definições são extremamente relevantes, principalmente por tratar-se de um mundo louco, sem controle e sem limites. Não basta ser um bom pensador é necessário ser um profeta. Não volte atrás nas suas definições, continue firme. Importa agradar a Deus e não ao homem.

Abração

Simone Moura

Simone Moura disse...

Querido pastor,

Concordo com as suas definições, eu poderia argumentar alguns pontos, mas quero apenas dizer que a igreja de Cristo carece urgentemente de pastores profetas, que confrontem homens, mulheres, adolescentes e até crianças que não tem a noção do risco que correm.

abração,

Anônimo disse...

Pr. Ezequias

Li o seu "DESABAFO", e mesmo hj nao fazendo parte do seu aprisco, e conhecendo o tao grande amor q o senhor tem pelas suas ovelhas, fiquei triste...Prs como o senhor é joia rara no meio cristao hj. Sei tbm q deve ter sido muito duro para o senhor escrever...tenha a certeza de q Deus vai honrar e enxugar suas lagrimas...ate mais.