Há um equivoco na base de um pensamento corrente em nosso
meio de que missões é uma responsabilidade denominacional pura e simplesmente. Enviam-se
recursos financeiros e pronto, termina a competência da igreja e começa a de
uma junta mantida por uma estrutura que reúne condições de coordenar as
atividades do campo missionário. Grande engano! A igreja é a força motriz no
movimento missionário. Foi a igreja que, em Atos 13 enviou a Barnabé e Saulo
para a primeira viagem missionária. O verso 2 diz claramente: “Enquanto eles
ministravam perante o Senhor e jejuavam, disse o Espírito Santo: Separai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que os
tenho chamado.” A igreja precisou ter a sensibilidade de separar aqueles
que o Senhor havia chamado.
É a mesma ideia que Jesus nos apresenta em Mateus 9.38:
“Rogai, pois ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara”. O texto não nos incita a apelarmos por
trabalhadores e sim para rogar ao Senhor que mande trabalhadores! A igreja
apenas reconhece os que são enviados pelo Senhor! Por conta disso creio que o
maior problema da obra são os obreiros, conforme sugeriu D. L. Moody. Mas a
essência do problema não é a ausência de obreiros, mas sim a insensibilidade da
igreja em enviar esses ao campo! Nossas igrejas estão com verdadeiros exércitos
adormecidos em seus bancos, que se reúnem semanalmente para bebericar verdades
espirituais, participando de cultos como quem vai a um restaurante “self
service”, mas que jamais desenvolveram seus dons e talentos por falta de uma
visão que poderia chamar de “enviadora” da igreja!
Uma igreja com visão “enviadora” procura identificar em seu
rol de membros vocacionados de ambos os sexos que podem passar um tempo de suas
férias no campo missionário, servindo com seus dons de pedreiro, pintor,
eletricista, carpinteiro, professor, enfim, sendo a encarnação da missão e não
apenas mantenedor financeiro. Tenho dito que a forma mais pobre de se fazer
missões é enviando dinheiro apenas. Digo isso porque não considero uma entrega
completa o fato de se separar uma quantia financeira para que outros estejam
indo, isso soa mais como uma atitude formal de quem não deseja se envolver
muito com o cerne da missão que é justamente a proximidade com a realidade que
o missionário vive.
Em minhas viagens missionárias, procuro me inteirar na
dinâmica do trabalho missionário, seu peso emocional, suas lutas espirituais,
seus dramas familiares, suas decepções por poucos resultados, enfim o lado
gente da missão. A igreja que comissiona seus pastores e líderes para observar
o campo missionário (no Brasil, mas sobretudo fora do país) poderá ter como
retorno um líder engajado em missões não no que ele ouviu, mas do que ele viu e
participou! Isso sim é entrega total!
Proponho uma participação intensa do pastor na visão
missionária da igreja porque a obra do Senhor tem pressa! Estamos com o relógio
escatológico seguindo seu ritmo divinamente cronometrado. Vou me ater ao que
disse Ronaldo Lidório em um de seus artigos : “Jesus deseja ser conhecido e,
apesar de sermos mais de 20 milhões de evangélicos neste grande país, termos
riquezas, sabedoria, força e louvor, Ele continua desconhecido em diversos
lugares”.
Devemos entregar nossa vida para o cumprimento dessa missão:
tornar Cristo conhecido entre as nações. Viver desse modo é o que nos importa
como crentes desse país, chamado "Brasil".
Creio nisso!
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