"Corra, porém a sua justiça como as águas, e a retidão como o ribeiro perene". (Amós 5.24)
O profeta Amós foi comissionado pelo Senhor para uma árdua missão, no sec. VII aC: deixar a sua plantação, ele era agricultor, e desafiar o coração de Jeroboão II, rei de Israel, acerca dos seus descuidos para com os menos favorecidos. O cenário de sua época não poderia ser mais caótico, e repare que qualquer semelhança, não é mera coincidência com o que vemos hoje, em pleno sec. XXI:
* Havia um surto de crescimento econômico acompanhado com sucesso militar, um renascimento de forças impressionante.
* Sob a pressão de riqueza crescente, houve transformações sociais radicais, mas amplamente desiguais. Em outras palavras: ricos cada vez mais ricos e pobres cada vez mais pobres.
* Moralmente a nação patinava em índices baixíssimos de santidade, uma vez que os pobres eram tratados de modo injusto, a avareza dos ricos crescia e o consequente desprezo pelas coisas sagradas.
* No âmbito político havia tumulto, opressão, violência e roubo. Aqui cabe uma inserção de um texto do profeta:
Amós 3:9-10
9 - Fazei ouvir isso nos palácios de Asdode, e nos palácios da terra do Egito, e dizei: Ajuntai-vos sobre os montes de Samaria, e vede que grandes alvoroços há no meio dela, e como são oprimidos dentro dela.
10 - Porque não sabem fazer o que é reto, diz o SENHOR, aqueles que entesouram nos seus palácios a violência e a destruição.
Nesse ambiente turbulento, aparece Amós como um profeta (ou no radical da palavra hebraica "nabi", um "esbravejador") denonciando os pecados da nação e apelando para que o povo se voltasse para Deus, a fim de que a "justiça e o juizo" fluissem como um "ribeiro perene".
As cenas impressionantes que vimos ontem pelos telejornais nos mostram da força da mobilização popular por causas ligadas à justiça social. Não quero entrar aqui em meandros das instituições que estão em meio aos inúmeros homens e mulheres de bem que querem apenas mostrar seu desagravo com a corrupção em nosso país, a fim de aproveitar o momento para suas reivindicações que em nada somam para a democracia que buscamos para o nosso Brasil. Refiro-me às minorias de punks, ativistas gays e anarquistas que se somam ao grupo, mas não o fazem com as melhores intenções. Quero me ater apenas à voz das ruas! Todos querem "justiça e juízo".
Mas, o profeta Amós fala de "justiça e juízo" de uma forma distinta da que popularmente podemos apreender destes termos. Como "juízo" temos o hebraico "mishpat" que tem a ver com "direito, dever legal, privilégio adequado", e como "justiça", o hebraico é "tsedaque" referindo-se aquilo que é "eticamente correto", "justiça como atributo de Deus".
Agora sim, estamos próximos a entender o que o profeta desejava para o seu tempo, e o que Deus quer que compartilhemos de seu coração nestes dias em que o povo brasileiro sai às ruas para protestar contra a impunidade, a fragilização de nossas instituições políticas e o enojamento da população para com os abusos do poder financeiro global. Me parece claro que a "juizo" e a "justiça" que devemos reinvidicar diz respeito ao retorno do povo a Deus!
Não se trata de uma luta puramente humana, em que imaginamos que a força do povo estará construindo um novo tempo em nossa nação. Nada, absolutamente! Ao passo que esses movimentos sejam vitais para o exercicio de uma cidadania plena, é preciso compreendermos que o que fará durar as mudanças provocadas pela agitação popular é o retorno do coração da nossa nação a Deus! Afinal de contas, essa crise moral que estamos atravessando enquanto Brasil tem em sua causa o fato de que nosso povo tem se esquecido de Deus.
O Brasil abandona a Deus quando seus governantes usam de suas influências justamente para beneficiar seus próprios "núcleos eleitorais", já pensando em próximas eleições, sem se importar com a totalidade do povo. O Brasil abandona a Deus quando planeja distribuir kits educativos para incentivar a tolerância para com o homossexualismo (repare que não estou dizendo tolerância com o homossexual, essa é dever constitucional e bíblico). O Brasil abandona a Deus quando não desenvolve políticas públicas duradouras para lidar com a chaga das drogas a partir das grandes cidades. O Brasil abandona a Deus quando privilegia a construção de estádios com dinheiro público negando ajuda aos hospitais que carecem de recursos básicos para atender à nossa população. O Brasil abandona a Deus quando mantém nos gabinetes encarpetados de Brasilia políticos que roubaram os cofres públicos como prefeitos e governadores. O Brasil abandona a Deus quando desprestigia a força das igrejas evangélicas sérias desse país que tem condições de cooperar em muitos projetos desde que convidadas sem intenções eleitoreiras.
Por isso, entendo que os "Amós" de Deus estão nas ruas! Nem todos tem a consciência disso, e há aqueles que tem outras motivações, mas creio que o simbolo vivo desse momento que o Brasil atravessa é que é preciso haver um arrependimento por parte de nossos governantes. Fico pensando que esse arrependimento pode até não significar um avivamento propriamente dito, com a conversão ao cristianismo verdadeiro desses homens e mulheres, mas sem dúvida um movimento como o que ocorreu em Ninive, sob a liderança (mesmo à contragosto) de Jonas. Em seu tempo de ministério, (sec. VIII aC) uma cidade inteira deve seu fim adiado por conta de um arrependimento nacional. E a suspensão de um juizo divino em resposta a uma postura de quebrantamento por parte de um povo tem como base o texto de Jeremias 18.7-10:
Jeremias 18:7-10
7 - No momento em que falar contra uma nação, e contra um reino para arrancar, e para derrubar, e para destruir,
8 - Se a tal nação, porém, contra a qual falar se converter da sua maldade, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe.
9 - No momento em que falar de uma nação e de um reino, para edificar e para plantar,
10 - Se fizer o mal diante dos meus olhos, não dando ouvidos à minha voz, então me arrependerei do bem que tinha falado que lhe faria.
Eu creio que Deus está usando das pessoas que têm ido às ruas de nossas principais cidades, para demonstrar que Ele deseja suspender o juízo que está guardado para todas as nações que insistem em abandoná-lo. E, Deus tem se utilizado desses cidadãos que, em sua maioria, são gente como a gente: estudantes, homens de negócios, advogados, professores, e tantos outros que se esforçam em ser "apenas" nas mãos de Deus.
Isso me faz lembrar algo que recortei de um site ainda hoje: "As vezes pensamos que somos um "apenas"! Somos apenas um vendedor, apenas um agricultor, apenas uma dona de casa. Amós seria considerado um "apenas". Ele não era um profeta, um sacerdote ou um filho de um dos dois. Ele era apenas um pastor, um pequeno empresário em Judá. Quem iria escutá-lo? No entanto, ao invés de inventar desculpas, Amós obedeceu e tornou-se a voz poderosa de Deus para mudança". (www.gotquestions.org.br/Portugues/Livro-de-Amos.html)
Esse é o tempo de Deus levantar em nossa nação um sussuro por liberdade e justiça. Que seja de fato, a justiça pretendida pelo Senhor! Vamos persistir nessa esperança!
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