"E clamavam uns para os outros, dizendo: Santo, santo, santo é o Senhor dos exércitos; a terra toda está cheia da sua glória". (Isaias 6.3)
Alguém já havia comentado ser impossível ler algum escrito de A.W. Tozer de uma vez, como se diz "de uma sentada só"... Sua literatura sem dúvida merece ser digerida e re-digerida... sobretudo para quem deseja uma reflexão ainda maior de sua mente organizadora em temas devocionais tão profundos!
Estou lendo "O melhor de Tozer" desde o ano passado. Já emendei leituras de outros tantos livros, mas nesse fico ponto a ponto, quase como um conta gotas meditativo, onde eu apreendo cada gota de conhecimento e tento aplicar na minha pálida (mas admito, crescente) devocionalidade!
Fiquei agora no capítulo "A adoração: ocupação dos seres morais", e me vejo diante de uma séria constatação: "se existe uma enfermidade terrível na igreja de Cristo é a de não vermos Deus tão grande como ele é". Isso me deixou pasmo! Onde está o conceito elevado da pessoa de Deus em nossos crentes hodiernos? Por que assistimos pasmos tanta besteira sendo dita em alguns desses cânticos ditos contemporâneos. Dai um pastor batista dizer que ele denomina muitos desses lideres de louvor de "sinistros de música"!!!
O que é preciso então, no pensar de Tozer, para haver uma adoração penetrante, onde a natureza de Deus é enfatizada, a igreja alimentada e a alma do crente abastecida com insights preciosos da visão do três vezes santo?
(a)Na comunhão com Deus.
Espaço esse onde não se tem familiaridade com o divino, pois Ele permanece sendo o "tu, ti, o outro", e Jesus persiste sendo o "senhor" e não "o cara"!!! Isso cabe bem uma digressão nossa porque vivemos em um tempo das informalidades litúrgicas. E, admito que muito dessa onde eu mesmo participei e lutei de alguma forma para que o nosso culto não fosse engessado, mas admito que muitos foram além do que eu e outros pretendíamos.
Culto é encontro com Deus. É deleite diante de alguém que devemos ser intimos sem ser sermos familiares. Próximos sem desejar imiscuir em sua divindade. Amigos, mas conhecendo o nosso próprio lugar nessa relação. Enfim, na adoração, vemos um Deus que assiste nossa humanidade sem ser humano, que se queda a nos sem perder sua natureza. Enfim, posso dizer que Ele persiste sendo Todo-Poderoso e nós somos crianças engatinhando em seu colo de amor!
(b) Na admiração de seu caráter.
Isaías assustou-se diante de Deus: ele é santo, santo, santo! Temos de estar atônitos com a beleza de Deus. Seu quadro pessoal não tem paralelos na humanidade. Apenas corações simples e humildades conseguem encontrá-lo em solitude e dependência extrema.
Reconheço que, nesse senso de humanidade não pode haver absolutamente espaço para o louvor triunfalista tipo "vou desfrutar do melhor dos frutos da terra", "vou sonhar os sonhos de Deus", enquanto não houver o reconhecimento do "nada sou", "eu não digno" ou do "eu me diminuo"! Expressões de dor e de quebrantamento devem sempre vir antes das cantigas de sucesso e de prosperidade!
(c) Na fascinação de quem está diante do Eterno.
Dai vem ao caso citar o Tozer integralmente: "Penso que as maiores orações são aquelas onde você não diz uma palavra nem pede nada. Deus porém responde e nos dá o que pedimos. Isso é claro, e ninguém pode negar tal coisa a não ser que negue as Escrituras."
O pensamento de Tozer desemboca numa questão muito séria: há pregadores que sobem ao púlpito com voz, pensamento, atitudes e posturas que não lhe são naturais! São verdadeiros artistas (seria forte demais chamá-los de palhaços) da pregação!
Isso me faz lembrar um jovem pastor que estava candidato à sucessão pastoral em uma igreja, e subiu ao púlpito com um orgulho ultrajante, mas não conseguiu desenvolver sua mensagem e desceu envergonhado. Nisso uma sábia senhora daquela congregação fitando-o lhe disse: "se você tivesse subido como desceu, teria descido como subiu!".
Que o mesmo aconteça comigo e com você.
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